21 Jun 2023
Constantino Tavares*
A nossa democracia pode não estar ‘morta’, mas estará ligada ao suporte artificial de vida. Conhecemos pelo triste espetáculo ao país da C.P.I. (Comissão Parlamentar de Inquérito) à TAP. Todos sabemos a indemnização a Alexandra Reis, ex-secretária de estado. Só se soube da notícia por causa da nomeação, se não estaria tudo normal. Depois ninguém sabe, ninguém se lembra, ninguém viu.
O ministro das Finanças deu ordem para pagar a indemnização, não sabendo se era justificável legalmente. No seguimento vemos dois ministros das Infraestruturas. O anterior ministro gabou-se de que a TAP foi um caso de sucesso, que tinha dado lucro. Pois, não é de estranhar, depois de ter injetado três mil milhões de euros do estado. O atual ministro demite a presidente da Administração da TAP, ou seja, um dos ministros está muito errado. Foi prestado um bom serviço, ou, o seu contrário.
Pelo meio a novela Frederico Pinheiro. O antigo ministro Pedro Nuno Santos avaliou-o como competente, sério, trabalhador e educado. O atual ministro, João Galamba, afirma todo o seu contrário, com a agravante de ter chamado o SIS. ‘Ato de terrorismo’ ou em causa a segurança do país.
Saber quem ligou para quem, qual o objetivo, quem deu a ordem a quem. O secretário de Estado Adjunto do primeiro-ministro, Mendonça Mendes, afirmou: “Ligaram-me, mas não fui eu...”
Continuando a novela da C.P.I, as perguntas deveriam ser mais objetivas. Por exemplo questionaram: “A que horas foi à casa de banho e de lá ligou para...?” A maior parte das perguntas foi deste género.
Toda a novela tem direito a um fim digno, espero que as conclusões finais não sejam mais uma redondância. Não houve culpa objetiva de ninguém, apenas um episódio a evitar. Só espero que ninguém se lembre que a culpa foi do cidadão anónimo, que resolveu despoletar tudo isto. No início desta novela, o primeiro-ministro deveria ter tomado a única decisão possível, aceitar o pedido da demissão do ministro João Galamba. Disse com convicção pessoal que era a melhor decisão. Não nos confundam mais, precisamos urgentemente de um novo rumo.
* presidente da comissão política Concelhia do CDS-PP