5 Sep 2023
Bruno Aragão *
Gerou-se nos últimos tempos um debate sobre a Escola Pública. A sua suposta perda de qualidade têm-no alimentado. Iniciando-se mais um ano letivo, parece-me pertinente a reflexão.
Há uma coisa que não podemos esquecer: não podemos sistematicamente falar da geração mais qualificada de sempre e esquecer quem a preparou. A geração mais qualificada de sempre é resultado da Escola Pública. Não foi outra Escola, nem outros professores. Foi a Escola em que apostámos nos últimos 50 anos e foram estes professores que prepararam e formaram com qualidade milhares de alunos.
Quando falamos do sucesso de novas empresas, de start-ups, da inovação que chega a empresas históricas, de novos modelos de gestão social, de novos talentos na música, no desporto e em tantas outras áreas, esquecemos muitas vezes que são ex-alunos da Escola Pública.
A questão é, no início de mais um ano, como continuamos melhor esta Escola e que parte nos cabe nesse esforço. Sim, que parte nos cabe. Que parte cabe ao Estado quando tem e deve garantir condições aos professores e recursos às autarquias? Que parte cabe às autarquias quando tem e deve garantir qualidade dos edifícios ou dos assistentes técnicos e operacionais? Que parte cabe aos professores quando têm a oportunidade de fazer a diferença, para sempre, na vida de um aluno? Que parte cabe aos assistentes técnicos quando tornam o ambiente escolar mais acolhedor e mais seguro? Que parte cabe aos pais quando acompanham os filhos, quando se envolvem na gestão da escola e quando são parte ativa na resolução de problemas?
Quando olho para trás, não tenho qualquer dúvida que o que sou se deve muito às escolas que frequentei no meu concelho e aos professores que se cruzaram comigo. Mesmo muito. Não é só uma questão de desempenho académico. É mesmo a forma de ver o mundo, de perceber os outros e de com eles partilhar valores. Façamos cada um de nós o que tem de fazer. Mas nunca coloquemos isto em causa. Não tem discussão.
* presidente da comissão política Concelhia do PS