23 Oct 2025
> Carlos Cunha
Antes do mais devo avisar que não sou eleitor em Oliveira de Azeméis. Porém, como oliveirense ausente fisicamente procuro acompanhar o dia-a-dia das terras de La Salette. É à luz destas premissas que devem ser interpretadas o conteúdo das linhas que se seguem focadas nas eleições para o Poder Local.
1. O Poder Local (ou Autarquias) foram uma das significativas conquistas da democracia emergente do 25 de Abril de 1974 permitindo que os cidadãos possam escolher os governantes de proximidade que, dentro das suas legais competências e gestão de recursos, sempre escassos, procuram propiciar a satisfação de necessidades da população.
2. Os resultados aritméticos das vontades dos votantes das recentes eleições já foram amplamente publicitados pelo que não interessará de todo replicar aqui e agora tais quantificações.
3. A vitória do PS para o órgão executivo (e é este órgão que concita mais atenções a nível concelhio) não será surpreendente dado que, salvo algumas circunstâncias de exceção, o incumbente tem a seu favor uma boa dose reconhecimento e até de conservadorismo por parte de quem anseia por estabilidade.
4. No tocante às Assembleias de Freguesia (das quais emanam os executivos das mesmas) é mais evidente, acima das lógicas de vassalagem partidária, as valias e expectativas em candidatos que, em regra, são pessoas com quem nos cruzamos ou conviemos no dia-a-dia. Julgo que, em geral, as votações nas freguesias oliveirenses refletem o que acima digo e que é a minha interpretação.
5. Estando eu, fisicamente falando, ausente de O. de Azeméis, acompanhei, dentro das possibilidades, o desenrolar a campanha eleitoral. As candidaturas mais abonadas de recursos financeiros recorreram, como tem vindo a acontecer em crescendo, a empresas de comunicação e imagem (ou de publicidade e propaganda?) que, em muitas circunstâncias, são quem estabelece o plano de ação das candidaturas (sem esquecer o papel que as orientações difundidas pelas cúpulas dos partidos mais interessados em obter «leituras nacionais dos resultados das eleições» do que propriamente na resposta aos desideratos das populações locais).
6. Do que constatei, o estilo das diferentes campanhas foram desde a sobriedade ao constante «gritar sonoramente», nomeadamente nas chamadas redes sociais, passando por iniciativas ditas de proximidade, de auscultação do povo ou pela realização de eventos que aglomerassem muitos seguidores. Nada de novo neste domínio.
7. Claro que houve, para um observador como eu, alguns desmandos de acusações só porque sim, com recurso inclusive – e nada de novo, claro – a perfis escondidos, mas que ganhavam (ganham) amplitude através das partilhas e, quem sabe, tais acusações a serem tomadas como verdades irrefutáveis por parte de muita gente São sinais, generalizados, dos tempos que vivemos, mas que vão minando a democracia e atingindo (com prejuízos) de forma (nada) gratuita pessoas e instituições.
8. Não podia deixar de assinalar algumas das ditas acusações ou tiradas que fui lendo aqui e ali. Se tivesse aterrado agora na Terra concluiria que o culpado disto tudo é do Presidente (qualquer um que o seja e onde estiver). Caiu o ramo de uma árvore? A culpa é do Presidente! Um lampião está apagado? A culpa é do Presidente! Uma pessoa colocou sacos de lixo no passeio (com um contentor disponível a vinte metros)? A culpa é do Presidente! Houve uma chuvada forte? A culpa é do Presidente!
9. (Quase) ironias à parte, tenho por mim que muitas chamadas de atenção, queixas ou reparos que fui constatando, recorrentes em períodos eleitorais, redundaram em efetivas soluções. Outras nem tanto. Mais, muitas dessas queixas ou reclamações teriam sido desnecessárias se as equipas das autarquias estivessem mais empenhadas nos detalhes bem como a comunicação «eleitos vs eleitores» fosse (seja) melhor. Depois, quando é período eleitoral rompem-se os diques das insatisfações e, claro, há inundações de «boas», insinuações, suspeitas.
10. Já o disse atrás: nas eleições locais o que pesa sobremaneira serão o maior ou menor grau de conhecimento dos candidatos, as simpatias e as antipatias, os influenciadores locais (pessoas ou organizações). Quanto aos programas/projetos – se e quando existem - de cada candidatura quantos os leem ou analisam ainda que sumariamente?
11. Já vai longo este meu escrito, mas não queria deixar uma nota de esperança e de expetativa quanto resolução ou mitigação de questões fundamentais para a população oliveirense, pese embora que a sua resolução dependa do maior ou menor grau de apoio que provenha, por exemplo, do poder central.
12. Refiro-me às acessibilidades, ao saneamento e abastecimento de água, ao candente problema da habitação, aos transportes, à captação e fixação de unidades empresariais, de mais e efetivo investimento na cultura, nas associações (um tesouro no concelho), no apoio aos mais necessitados. Sempre com a ressalva de que nem tudo está ao alcance, de forma única, do Município.
13. Por fim, saúdo os cento e sessenta e cinco eleitos no concelho de Oliveira de Azeméis e formulo votos para que, em diálogo, consenso e interessados na causa comum possam elevar o estandarte oliveirense.
Carlos Cunha