Manuel Almeida *
Nas últimas semanas assistimos a revelações vergonhosas feitas durante a comissão parlamentar de inquérito à TAP.
Ainda o inquérito vai no início e o que foi revelado até agora surpreendeu os portugueses, ou talvez não, e colocou vários ex. e actuais governantes em apuros.
Desde pedidos de alteração de voos que podiam custar mais de 200 mil euros de indemnizações aos passageiros afectados a troco de um suposto favor ao presidente da República, às constantes interferências políticas na governação da empresa, passando pelos motoristas ao serviço do marido do ex-CEO, foram estas algumas das revelações.
A antiga presidente executiva da TAP acusou o administrador financeiro da TAP, Gonçalo Pires, o ex-secretário de Estado Hugo Mendes e o ex-ministro Pedro Nuno Santos de terem conhecimento e autorizado a indemnização choruda a Alexandra Reis. Revelou também que o ministério liderado por João Galamba tinha agendado uma reunião entre o grupo parlamentar do PS e a ex-CEO, onde estiveram presentes membros de gabinetes do Governo e o coordenador do PS na comissão de inquérito, Carlos Pereira. Mas, segundo o líder parlamentar do partido socialista e o senhor primeiro-ministro, estas reuniões de “preparação” são normais e já é habitual acontecerem… a sério? Serão reuniões de “preparação” ou tentativa de manipulação e alinhamento de testemunhos?
De uma forma resumida, ficamos a conhecer as relações tóxicas entre governantes e gestores executivos, levando a negócios sombrios e fatais, opções de gestão operacional erráticas, bem como, a atribuição de cargos a “boys” do sistema, e à troca dos mesmos, e ainda à contratação milionária de assessorias jurídicas.
Com todas estas trapalhadas, casos e casinhos, o presidente dos afectos continua a dar colinho a este governo ingovernável que já perdeu a pouca credibilidade que ainda restava.
* presidente da comissão política Concelhia do CHEGA