14 Jun 2023
Manuel Almeida *
No passado dia 5, realizou-se em Ovar, uma sessão de esclarecimento promovido pela Agência Portuguesa do Ambiente onde foram prestadas algumas informações sobre o projeto da linha de alta velocidade e sobre os três possíveis traçados em discussão.
Prevê-se que a primeira fase deste
Prevê-se que a primeira fase deste projecto esteja terminado em 2028, ou seja, o troço que liga Campanhã a Soure. Este troço tem uma particular relevância para o nosso concelho, uma vez que todos os traçados propostos passam pela freguesia de Loureiro.
Analisando os documentos em consulta publica, defendemos o traçado B, uma vez que o impacto causado no nosso território, é praticamente nulo.
Mas, analisando todo o projecto para a construção da linha de alta velocidade, fico com a certeza que Portugal vai ficar a marcar passo face ao resto da Europa, mais uma vez.
O Executivo europeu quer acelerar a interoperabilidade da rede ferroviária europeia. Por isso, e no caso da Península Ibérica, a estratégia passará por um plano de migração da bitola, e impôr a migração do Corredor Atlântico e Mediterrâneo até 2030.
Espanha tem praticamente todas as linhas de alta velocidade em bitola europeia, incluindo a linha que liga Madrid a Sevilha, que foi inaugurada há 31 anos, aquando da Expo 92 e neste momento a bitola ibérica existe apenas em Portugal e na rede convencional espanhola, e a bitola europeia (UIC) existe em toda a Europa ocidental. Esta diferença de bitolas não permite aos nossos comboios entrarem em França, onde as linhas estão em bitola europeia.
Quando Espanha tiver completado a sua rede básica em bitola europeia, assegurando a interoperabilidade com a rede francesa, muito possivelmente vai impor fortes restrições nas rodovias de ligação a França, o que será altamente penalizador, para não dizer proibitivo, para o transporte rodoviário de Portugal para a Europa.
Portugal (que exporta 70% das suas mercadorias para a UE) deveria então acompanhar Espanha na construção de linhas de bitola UIC para se ligar à restante rede.
Durante umas décadas teríamos ainda, tal como em Espanha, a coexistência de duas redes ferroviárias com bitolas diferentes, mas com pontos comuns: portos, estações e plataformas logísticas.
Mas, por birra dos nossos governantes, vamos continuar “a ver os comboios passar”!
* presidente da comissão política Concelhia do CHEGA