3 Jul 2025
> Manuel Almeida
Nas últimas semanas, Oliveira de Azeméis tem sido notícia pelos piores motivos: a poluição do rio Ul. Este flagelo ambiental, longe de ser novidade, apenas agora parece ter merecido atenção nacional. Porquê? Porque, finalmente, houve quem perdesse o medo das represálias e ousasse enfrentar o poder político instalado. Esse gesto de coragem cidadã parece ter incomodado profundamente os actores políticos de sempre, PS e PSD, que, habituados ao silêncio conveniente, mostram agora um nervosismo evidente.
A primeira reportagem da SIC, acompanhada pelo trabalho do Correio de Azeméis, trouxe à tona o que muitos sabiam, mas poucos tinham coragem de denunciar. A AMTSM, pressionada pela exposição pública, apressou-se a emitir um comunicado onde afirma que as obras na ETAR do Salgueiro já estavam previstas. Mas será mesmo assim? Ou estaremos, mais uma vez, perante uma narrativa ensaiada, construída à pressa para acalmar os ânimos?
Mais caricato ainda foi o comportamento de um presidente de Junta, que, em vez de se preocupar com o problema real, emitiu um comunicado patético, onde exige censura à comunicação social local e se mostra mais preocupado com o seu “bom nome” do que com a saúde pública e o bem-estar ambiental. Uma vergonha digna de outros tempos, não democráticos.
O tema foi discutido em reunião de Câmara e na Assembleia Municipal. Contudo, importa lembrar que a ETAR em questão foi construída durante um executivo PSD, que não planeou devidamente o futuro. E durante os últimos oito anos de governação socialista? Onde estiveram os vereadores e deputados municipais? Silêncio. Conivência. Passividade.
O presidente da autarquia ainda tenta convencer-nos de que a espuma no rio resulta de um novo produto usado na ETAR. Uma desculpa insultuosa para quem conhece o terreno: a espuma aparece bem depois da ETAR, num ponto muito específico. Mais uma vez, tentam tomar os oliveirenses por tolos.
Durante anos, nada foi feito. O problema foi varrido para debaixo do tapete. Mas o CHEGA denunciou-o, várias vezes, e há registos públicos que o provam. A verdade incomoda, mas precisa de ser dita.
Chegou o momento de pôr fim à bandalheira e à sensação de impunidade que reina em Oliveira de Azeméis. Chega de desculpas, chega de promessas ocas. É tempo de responsabilizar os culpados, doa a quem doer.
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