30 Jan 2025
Armando Alves Reis, conhecido carinhosamente como ‘Ti Armando da Moleira’, com 92 anos, ulense de gema, contou à Azeméis TV/FM as suas memórias da tradição vivida na freguesia nas festas em honra de Nª Srª das Candeias e o S. Brás
>‘Ti Armando da Moleira’ com 92 anos foi mordomo da festa nos anos 70
Armando Alves Reis, conhecido carinhosamente como ‘Ti Armando da Moleira’, com 92 anos, ulense de gema, contou à Azeméis TV/FM as suas memórias da tradição vivida na freguesia nas Festas em Honra de Nª Srª das Candeias e o S. Brás. Foi mordomo da festa um ano, na década de 70, uma experiência que não quis voltar a repetir, porque “a minha vida era complicada, não tinha tempo e havia sempre muitas chatices”, revelou entre risos, este homem que dedicou a sua vida a ser moleiro.
Ser mordomo da festa nos anos 70
No entanto, nem tudo foram dissabores, apareciam “sempre pessoas boas e fiz ainda alguns amigos naquela altura. Andei por todo o lado e fiquei a conhecer vários sítios, mas antes de vir embora disse: ‘Não me chateiem mais, apresentem-me a conta, pago o que for preciso, mas ser mordomo de porta em porta não ando mais’”, confessou o Ti Armando, novamente com boa disposição.
Além de todo o trabalho de peditório, contou ainda que sempre foi “o mais sacrificado”, isto porque “era o único que tinha carro.” “‘Temos de ir ali até Junqueira, falar com a banda’, ‘olha agora é preciso isto, ou, aquilo’ e no final ninguém me perguntou quanto é que gastei, era preferível ter dado 10 mil escudos do que ter feito parte das festas”, admitiu, no entanto, apesar de todos os infortúnios, volta a frisar que pela mesma razão fez “muito amigos.”
“Festa muito boa” e a senhora que pagou metade das festas
Recorda que naquele ano “fizemos uma festa muito boa”, onde, além da Banda de Música de Junqueira, esteve presente um rancho, tudo isto “porque também tivemos sorte. Apareceu, na época, uma senhora que pagou metade da festa, e gastamos pouco dinheiro. Não me lembro quanto deu, mas ainda foi bastante. Foi a dona Delfina Tábuas, foi certamente alguma promessa que ela fez.”
Feriado em Ul e as marotices da época
Por estes dias em Ul era como se fosse feriado, “até havia um ditado: ‘Primeiro [dia] jejuarás, o segundo [dia da Sr. das Candeias] guardarás e no terceiro [dia] irás ao S. Brás’”, e lamenta que “naquele tempo havia mais bairrismo pelas festas, em todo o lado, não só aqui no S. Brás.”
Por estas alturas o Carnaval também já começava a ser celebrado, tal como contou o ‘Ti Armando’, os jovens da altura já andavam com bisnagas de água e metiam pimenta na boca das raparigas. “A estudantada era malandra”, afirmou.
“Já vi no Correio de Azeméis que vão ter uma grande festa este ano”
Tendo 92 anos, com muita pena sua, atualmente “já não me sinto com forças” para ir à festa, mas “gostava sempre muito de lá ir, era a festa da terra e nunca me neguei a dar a minha esmola quando me vinham bater à porta” e lembra que a sua esposa “gostava sempre de ir apreciar os vendedores propagandistas.”
Em declarações finais à Azeméis TV/FM, Armando Reis regozija-se de ver que a “juventude aparece para fazer a festa. É bom que aconteça, e já vi no Correio de Azeméis que vão ter uma grande festa este ano.”