9 Oct 2024
©Daniela Mendes
Ao final da apresentação dos resultados houve um painel de debate promovido pela Azeméis TV/FM, composto por Inês Lamego, Brigida Ramos, Helena Terra e Diamantino Nunes, tendo sido moderado pelo diretor do jornal, Eduardo Costa
A apresentação dos resultados do projeto ‘vivAZ’, que tem como objetivo o diagnóstico de doença mental na população idosa (65+) do Município que se encontra em respostas formais, com foco na identificação de adultos com alterações cognitivas compatíveis com o diagnóstico de demência, ocorreu no passado dia 23 de setembro, na Biblioteca Municipal Ferreira de Castro, contando com a participação de todas as entidades parceiras. O evento destacou o envolvimento de todas as instituições, que reforçaram a importância deste projeto para o Município de Oliveira de Azeméis.
Concluída a fase de diagnóstico, que envolveu 14 entidades e um total de 23 respostas sociais, foram aplicados protocolos de avaliação com o objetivo de analisar e tratar os dados coletados. Esse trabalho culminou na apresentação dos resultados gerais à comunidade e na entrega de relatórios individuais a cada entidade parceira no projeto.
O projeto reuniu todas as entidades com intervenção social na área de cuidados a adultos 65+ (Centros de Dia e ERPI), com o intuito de apresentar os resultados obtidos e discutir as futuras ações do projeto de forma coordenada, garantindo a participação ativa de todas as partes envolvidas.
O projeto “vivAZ” foi desenvolvido no âmbito do PAOITI – Plano de Ação das Operações Integradas dos Territórios de Intervenção – AMP Sul – PRR (Plano de Recuperação e Resiliência), como parte do programa Azeméis Maior - Ação 5: Saúde Mental, promovido pelo Município de Oliveira de Azeméis.
Ao final da apresentação dos resultados houve um painel de debate promovido pela Azeméis TV/FM, parceiro do projeto vivAZ, moderado por Eduardo Costa, diretor do jornal. O painel contou com a presença de convidados como Inês Lamego, vereadora da Ação Social; Brígida Ramos, conceção e coordenação do projeto vivAZ; Diamantino Nunes, presidente da Associação de Melhoramentos Pró-Outeiro; e Helena Terra, advogada e ex-diretora da Segurança Social (SS) do distrito de Aveiro.
“Fui eu quem concebeu o projeto, mas isto parte tudo da C.M.de O. Azeméis. A divisão da Ação Social identificou que havia aqui uma lacuna com o estado das coisas posteriormente aquilo que aconteceu da Covid-19, começou-se a falar muito de doença mental. E foi a partir dessa preocupação e de candidatura a um projeto na área da saúde mental, que saiu este desafio de se desenvolver um projeto de intervenção em O.Azeméis. Trabalhar com entidades, avaliar e diagnosticar todas as entidades do município com mais de 65 anos, neste caso, o diagnóstico foi feito em centros de dia e ERPI (Estrutura Residencial para Pessoas Idosas).”
Brígida Ramos, conceção e coordenação do projeto ‘vivAZ’
“Na sequência da pandemia surgiram linhas de financiamento que nos permitiram trabalhar algumas das consequências que fomos medindo na comunidade, neste caso, nas pessoas de maiores de 65 anos. Percebemos que existiria campo para estudar fenómenos relacionados com demência, ou, com problema de saúde mental e perceber até que ponto as instituições estão não só preparadas para lidar com estes problemas, mas para o próprio diagnóstico da situação que tem à sua frente. Neste sentido, o que se fez foi pedir ao mercado que nos fizesse um estudo, que conhecesse aquilo que era a realidade.”
Inês Lamego, vereadora da Ação Social
“Nós acolhemos tudo o que seja novidade e que seja para o bem dos nossos utentes, não há nenhum projeto que nós não estejamos de braços abertos. Nós temos um departamento, que infelizmente não funciona muito bem, para tratar pessoas de doenças mentais. No entanto, a conclusão que nós chegamos é que quando fomos à SS, indicaram-nos que tínhamos de falar com o Ministério de Saúde. O ministério informou que não trabalha com associações. Portanto, estamos numa zona cinzenta em que nem um nem o outro trata [na ajuda a este tipo de doença]. Não sei que passos foram dados depois disso. Por muito boa vontade que a câmara tenha, enquanto tivermos neste cinzento ninguém toma responsabilidade.”
Diamantino Nunes, Presidente da Associação de Melhoramentos Pró-Outeiro
“A economia social tem como principal objeto do seu trabalho as pessoas. Portanto, só por aí é muito difícil padronizar aquilo que são os comportamentos relativamente às pessoas. O que a Brígida dizia que eram acordos atípicos, eu diria que são acordos atípicos, mas muito típicos. Ou seja, há muito anos que não mudam, estão presos a um quadro de pessoal [de uma instituição], independentemente de sabermos que tipo de população idosa temos [dentro da instituição]. Cada vez mais temos idosos extremamente dependentes, as pessoas vivem até mais tarde, mas com muitas limitações de saúde. Nesta questão da demência a maior parte das pessoas já com a doença diagnosticada, estão em centro de dia ou ERPI, mas, atenção: as ERPI foram criadas para pessoas com 65 e mais anos, mas dentro dessa população há pessoas com menos de 65 anos, porque não existe outro local para onde as encaminhar.”
Helena Terra, advogada e ex-diretora da Segurança Social do distrito de Aveiro