Quais Marias da Fonte

A palavra ao leitor

Albino Pinho *

Temos assistido nestes últimos dias a uma corrida contra o tempo, porque o tempo escasseia, de alguns paroquianos(as) que através de uma petição online e em papel, mesmo talvez não sabendo as razões exatas, tentam demover os superiores hierárquicos de transferir, ou repatriar o padre das paróquias de Fajões e Nogueira do Cravo, o angolano José Malemba, para a sua terra natal, mesmo contra a sua vontade.

Como disse, desconhecemos os argumentos das duas dioceses,  Angola e Porto, a tomar tal decisão. Mas a igreja, desde tempos imemoriais, sempre foi parca em explicações, argumentando  por vezes que as vias do Senhor são impenetráveis, deixando o tempo fazer o resto às paixões populares  mais exarcebadas. 
Penso que este caso não vai chegar a vias de facto, como noutros que conhecemos, porque somos uma terra de gente pacífica, e com a chegada do novo pastor o rebanho vai acabar por se adaptar, e até esquecer. Assim aconteceu em novembro de 1969, quando da troca dos padres Zé Pinho,  pelo António Milhinha, das paróquias de Fajões e Válega, foi uma choradeira e beija mão na despedida de muitas senhoras de Fajões que julguei ter falecido algum ente querido. No entanto passado algum tempo tudo voltou à normalidade.
Mas sempre que o vaso transborda, por causa da transferência do pároco, como foi o caso de Lourosa em 1964, com duas mortes pela GNR (e do regime vigente), a culpa quase sempre é da diocese,  que refugiando-se no seu palácio altaneiro,  vivendo á custa do rebanho,  quase nunca vem ouvir este. A continuar com estas atitudes, a igreja um dia não vai ganhar para a cera que queima, pois a concorrência é forte. 
Tive o previlégio de me cruzar algumas vezes com o padre Malemba,  trocamos dois dedos de conversa sobre coisas banais, sobretudo a sua terra natal, Lobito, onde trabalharam familiares meus.  Achei-o uma pessoa simples, respeitadora, humilde, modesta, talvez até um pouco ingénua. 
Último reparo, se o padre José Malemba era pároco de Fajões e Nogueira do Cravo, porque é que só Fajões se movimentou contra a sua partida? Terá a ver com umas histórias dignas de Sherlock Holmes que dizem ter acontecido quando partilhava o alojamento em Nogueira com outros colegas. A ser verdade talvez fique muita coisa por esclarecer, que talvez nos ajudasse a compreender melhor a decisão dos seus superiores hierárquicos.
Eu próprio, que nem sou praticante,  também acho este mistério muito misterioso.
* Leitor Correio de Azeméis, de Fajões

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