15 Jul 2024
Entrevistas - ADN Oliveirense com Helena Terra
Óscar Amorim, no programa ADN Oliveirense
O escritor oliveirense Óscar Amorim esteve no último programa ADN Oliveirense, com Helena Terra, onde falou um pouco sobre a sua vida e obra. Escritor, empresário, político, Óscar teve várias atividades ao longo do tempo em Oliveira de Azeméis, tendo sido Presidente da Concelhia do CDS-PP no início dos anos 2000. Eça de Queiroz é o seu romancista favorito, enquanto que na poesia destaca os nomes de Eduardo dos Santos e Ana Homem de Albergaria.
De paquete a diretor comercial.
“Eu acabei o curso mas não exerci um único dia. Fui pedir ao meu pai para me arranjar emprego, naquela altura o meu pai tinha influências, e arranjou-me aqui numa empresa média, onde eu fiz questão de começar por baixo. Na altura, era aquele moço que andava ali, pegava daqui, tirava de acolá, era paquete e eu queria ser paquete, para ir tendo conhecimento de diversos sectores. Pensei sempre assim. Fui subindo e cheguei a diretor comercial numa empresa que era, a nível de vendas, a primeira empresa privada do país.”
A carreira de empresário.
“Eu tinha uma empresa de produtos químicos, que acabei porque os problemas de saúde não me permitiram, senão ainda hoje tinha. Eu e mais outra pessoa. Hoje será difícil das pessoas acreditarem numa coisa destas, mas eu tinha clientes em todo o país, alguns mais longe do Oliveira de Azeméis, que pensavam que a ProBorns, que era o nome da firma, era uma multinacional, tal era o serviço que prestava (…) É o melhor panfleto. Não gastei um tostão de publicidade. E eu achava piada quando as pessoas demonstravam que pensavam estar a tratar com uma multinacional, porque eu tinha um concorrente que era uma multinacional, bastante agressiva na altura, e eu era tão agressiva como eles.”
O Óscar político.
“Foi um período da minha vida que me entreguei também, como em tudo, de corpo e alma ao partido que representava. Era o CDS-PP. O doutor Paulo Portas, na altura, fez o favor, nós tínhamos uma relação de muita amizade e ainda temos. Só o criticava porque ele tinha um péssimo hábito. O telefone tocava às três da manhã, às quatro, às cinco. Não sei se agora é assim. Ele tinha o péssimo hábito de, quando se lembrava das coisas, telefonava logo, para não se esquecer. E o Óscar estava sempre a levar com o indivíduo às três e às quatro da manhã, quando ele se lembrava.”
Política amigável.
“Eu encaro a política como uma fazedora de amigos. Uns ficam. Outros vão. Outros nunca mais nos lembramos deles (…) Eu lembro-me, por exemplo, numa das campanhas eleitorais, as pessoas ficaram muito escandalizadas. Ali no mercado, estávamos nós na campanha do CDS e estava o PCP, que era o Óscar Oliveira. O Óscar quando me viu, vem direito a mim a correr, e eu direito a ele, um grande abraço. Aquilo foi filmado, é claro. Foi uma vergonha, porque para as mentes mais fechadas, isto foi um escândalo. Mas considero que é assim que a política devia ser.”
As personagens que são amigas.
“Eu trato as minhas personagens, sempre, como pessoas reais, são meus amigos. Eu convivo com elas todos os dias. Vocês se conviverem todos os dias com a mesma pessoa, não amam? Não passam a gostar dessas pessoas? Não são vossos amigos? Portanto, as minhas personagens são seres vivos, eu falo com elas, elas ajudam. Há pessoas que não entendem bem isto, mas são pessoas vivas que estão ali comigo, à noite.”
A importância das pessoas.
“Quando me tiram as pessoas, eu sinto-me um homem vazio, oco. Eu tenho que ter pessoas comigo (…) uma das coisas muito importantes para mim é que naquele período que se segue ao lançamento eu tenho a preocupação de escutar muitas pessoas. Utilizo muito as pessoas para me fazer crescer. Isto é um processo que está sempre em movimento, é inacabado. E são as pessoas que me fazem isso, porque senão o meu trabalho não tem qualquer razão de ser.”