Que Os bons sejam simpáticos

Um dia, quando eu era uma criança ainda, deram-me um “Santinho” – a que hoje chamamos de “pagela”. Foi um “Santinho” cuja mensagem jamais esqueci e que me tem acompanhado, armazenado no subconsciente.
Dizia aquele bocadinho de cartão: “Oração de uma Criança: - Senhor, que os maus se transformem em bons. E os bons em simpáticos”.
Se a primeira parte da Oração não me oferece qualquer dúvida, já a segunda é motivo e fonte de preocupação constante. 
Conheço tanta gente boa, pessoas que valem mesmo a pena conhecer, pessoas Santas, até. Mas… este maldito mas… Mas parecem carregar um fardo constantemente às costas. Pessoas que não conseguem sorrir. Pessoas que não cativam, que não conseguem acolher. São pessoas que têm tanto de boas quanto de capacidade de afastarem os outros. 
Não consigo imaginar o quão doloroso deve ser para estas pessoas terem um coração do tamanho do mundo e, depois, não terem os dons do acolhimento e da simpatia.
Essa barreira, esse muro, essa couraça fazem sofrer, fazem com que a pessoa não seja tão feliz quanto merece. Quanto o seu coração seria capaz de aguentar.
Este mês o meu pensamento vai para essas pessoas que merecem muito mais do que aquilo que conseguem. Estou com a criança da Oração: “Senhor, que os maus se transformem em bons. E os bons em simpáticos”.
Atenção que ser bom é muito diferente de ser “lorpa”; e ser simpático é muito mais que mostrar os dentes. O que se pretende é que a pessoa consiga materializar em acolhimento a bondade que tem em si, que os outros se sintam melhores depois de terem estado consigo e não com a sensação de que esteve com um tipo bonzinho, com um sentimento de pena até. 
Estamos às portas da Páscoa e quem crê neste Cristo Ressuscitado também sente o quanto Ele era cativante, acolhedor, bondoso mas também firme nas convicções e sobretudo nas acções. Cristo é um tipo bom, simpático mas não “lorpa”. 
Boa e feliz Páscoa.

* Organizador das ‘Corridas Solidárias