“Queremos cristalizar a festa de S. Luís”

Pinheiro da Bemposta

Emanuel Santos (esq.) e Adalberto Pinto (dir.) são dois dos cinco jovens cineastas que estão por detrás deste documentário sobre as Festas de São Luís.

Documentário pode vir a passar na RTP

Cinco jovens cineastas pretendem criar um documentário sobre a Festa de São Luís, uma celebração com raízes profundas no lugar de Figueiredo.
Este projeto, ainda em fase de angariação de fundos, visa preservar e destacar uma tradição com pelo menos 100 anos.
O documentário, idealizado por Adalberto Pinto, neto de moradores de Figueiredo, pretende ser uma homenagem a esta tradição e à comunidade que a mantém viva.
Nesse sentido, Adalberto Pinto e Emanuel Santos, vieram aos nossos estúdios falar sobre o projeto.

A ideia. “A ideia do documentário começou julgo que em janeiro, porque a festa de São Luís teve uns problemas a arranjar comissão de festas. E, curiosamente, isto é uma questão pessoal. A minha avó materna tinha uma casa que era mesmo em frente ao Largo de São Luís. Então, eu desde criança que ia para aquela casa e via sempre a festa dali. Na minha conceção daquilo que era a vida naquela aldeia, não poderia ficar sem se fazer o São Luís. Então, comecei a tentar perceber se havia alguém para fazer e ainda pensei em ser eu a fazer. E foi nessas conversas com as pessoas que eu fui conhecendo, com as pessoas que organizaram a festa e também, em especial, com o Natalino Almeida, que começamos a conversar sobre o São Luís e começou a surgir a ideia de fazer um documentário (…) para tentar, não diria sensibilizar, mas para fazer com que a informação sobre a festa e aquilo que era o legado e a tradição da festa de São Luís chegasse, efetivamente, à malta nova.” 
Adalberto Pinto, cineasta

A importância do documentário. “Há duas questões que são importantes neste documentário. A primeira é garantir que se cristaliza a informação sobre o São Luís, porque, na verdade, a memória é feita de informação. E, então, documentar num filme, o que foram 100 anos de São Luís seria uma coisa importante. E, também, seria importante partilhar essa informação, daí nós termos achado que faria sentido utilizar o documentário. Porque, sendo um suporte audiovisual, é o tipo de conteúdo que os novos públicos mais consomem.” 
Adalberto Pinto, cineasta

RTP, cineteatros e escolas. “A nossa ideia, e nós achamos que era possível e estamos a ter esse tipo de cuidado na maneira como planeamos o documentário seria passar na RTP. A ideia é essa. Também percorrer os cinemas municipais, os cineteatros aqui da zona e estamos a pensar também, depois dependendo da forma como vamos abordar, nas escolas. A ideia do documentário é fazer com que haja o máximo possível de reproduções e fazer com que chegue a toda a gente. Porque mesmo sendo sobre o São Luís, há aqui uma questão maior que é o que vamos perder com a perda da memória daquilo que é o nosso património cultural. Quando se perdem estas festas, há também um pouco de identidade que se perde.”
Adalberto Pinto, cineasta

Objetivo é apresentar em 2026, nas Festas de São Luís. “Eu acho que se não for possível em 2026, vai ser muito difícil ser possível depois. Por isso, nós não questionamos se vai ser possível. Nós sabemos que vai ser possível e em 2026 vai estar feito. A dificuldade que vamos enfrentar para cumprir essa meta, é variável, porque há sempre muitas circunstâncias que nós não controlamos. E, efetivamente, por o São Luís só acontecer uma vez por ano, aumenta muito a dificuldade. Em todo o caso, nós somos cinco, e durante o fim de semana da festa, vamos ser sensivelmente nove ou dez pessoas. É mais caro ser nove ou dez pessoas, mas ao mesmo tempo nós não podemos correr o risco de não termos o material e a informação necessária para depois podermos montar o documentário.” 
Adalberto Pinto, cineasta

O testemunho de Ângela Pinto. “Nós estávamos a falar com as pessoas e a tentar recolher testemunhos sobre a importância de São Luís e então falámos com uma senhora, que é a Dona Deolinda, que toma conta da casa onde a Ângela mora, e foi ela que disse que podíamos falar com a Dona Virgínia, que é a mãe da Ângela. Estivemos um bocado à espera e começamos a falar. Isto poderia ser interessante, era falar com a Ângela, a ver se ela nos ajudava a ganhar alguma visibilidade. Ela [Ângela Pinto] disponibilizou-se logo, foi extremamente simpática. Ela também nasceu em Figueiredo. O São Luís, para ela também é uma memória importante. Então, juntámo-nos ali e acho que foi um resultado interessante e inesperado.”
Adalberto Pinto, cineasta

Processo longo e com muita logística. “Fazer uma coisa destas envolve dinheiro, envolve tempo e é um processo demorado. Querendo ou não, pode ser ali três dias de festa, mas é um processo longo. (…) Toda uma preparação logística de o que é que vai ser preciso, o que é que não é preciso, o que é que dá, o que é que não dá e também de imprevistos. Querendo ou não, as coisas acontecem espontaneamente, mesmo estando tudo organizado.” 
Emanuel Santos, cineasta

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