27 Oct 2022
Eduardo Costa *
As grandes superfícies do ramo alimentar começaram a colocar alarmes em vários produtos, como latas de atum, garrafas de azeite e peixe congelado. “Estão desesperadas e escondem na mala ou no casaco pacotes de leite ou latas de atum para comer ou dar aos filhos”, disse um segurança de um hipermercado. Pedem desculpa quando são detetados e choram. Dizem que têm fome. Roubam para comer.
A pobreza tem vindo a agravar-se em Portugal. Em 2020 e pela primeira vez em seis anos, Portugal registou um aumento no número de pessoas em risco de pobreza. Quase metade da população (4,4 milhões) vive abaixo do limiar da pobreza [554 euros por mês] - só com base em rendimentos (sem contar com os apoios sociais). É muito preocupante.
Portugal é, agora, o 8.º pior na lista de países da União Europeia com maior risco de pobreza ou exclusão social. Somos o 2.º país, dos 27 da UE, com mais pessoas a viver em alojamentos com más condições (25%) - um em cada quatro casas!
Somos, assim, dos mais pobres da Europa. É a nossa sina. Não saímos desta malfadada situação que nos envergonha.
Por muitas ‘bazucas’ que cheguem da Eurolândia e que enchem os cofres do estado, não saímos da cepa torta. O país tem melhores infra-estruturas. Sem dúvida. Mas, ainda não conseguimos melhorar a vida de tantos milhões. Como estes números dizem, quase metade da população (sobre) vive muito pobre. Um país de pobres é um país sem futuro. Reduzir e muito o número de pobres, de pobreza extrema, é um desafio para quem nos governa.
* Jornalista, presidente da Associação Nacional da Imprensa Regional