Segurança na cidade
Opinião
Gomes Fernandes *
A cidade é feita de hábitos, de compromissos e conflitualidades. O cidadão fixa-se na cidade, porque aí encontra: Mais informação, mais oportunidades de êxito na vida, mais segurança.
- A crise das cidades é cíclica e tem a ver com problemas de crescimento, de adaptação a novos sistemas de vida, de capacidade de competição e de afirmação de imagem.
- Independente da pandemia, vive-se hoje uma crise de segurança que deriva das dificuldades de emprego, de habitação, de adaptação a novas tecnologias e novos hábitos, de envelheciemnto e degradação das estruturas físicas e humanas da cidade: Os velhos centros desertificam-se e degradam-se; as periferias crescem anárquicas e desumanizadas.
- A insegurança é um reflexo da crise, neste particular que vivemos, também do individualismo e do isolamento do cidadão: Há uma crise da família, da escola, da empresa, do sistema político com forte repercussão social.
- A cidade pós industrial, da informação em tempo real, da robótica e do virtualismo, promete e oferece tudo, não dá nada e penaliza quem não pode ou não consegue obter: Isto gera insegurança, medo no futuro, limita a liberdade e os direitos de cidadania. O individualismo que as alterações tecnológicas possibilitam, fragiliza a vida colectiva: As novas tecnologias invadem a privacidade; a lógica económica condiciona as opções e escolhas; os direitos de cidadania reduzem-se e a democracia virtualiza-se. Perigosamente, porque o melhor garante de uma Democracia é a sua vivência individual com sentido colectivo, de Comunidade Solidária. Este é, porventura, o grande desafio do nosso sistema colectivo, garante de uma nova urbanidade sustentada na cidadania e no compromisso solidário.
* arquiteto, natural de Pindelo
Artigo escrito ao abrigo
do antigo Acordo Ortográfico
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