2 Sep 2024
Sandra Morais, técnica da Santa Casa explicou ao Correio de Azeméis que Carla “não quer acompanhamento, porque não quer ter qualquer tipo de regra. Regras básicas como tomar banho, andar com a roupa lavada, ter o quarto organizado”. Na foto recolhida pelo Correio de Azeméis, Carla Alexandra está agora a pernoitar num banco de jardim, junto à Igreja Matriz de Oliveira de Azeméis
> Carla assinou novo termo de responsabilidade a 17 de julho
Carla Alexandra, pessoa em situação de sem abrigo, voltou a pernoitar nas ruas de Oliveira de Azeméis, mais concretamente junto à Igreja Matriz de Oliveira de Azeméis.
Depois de em 2022 o Correio de Azeméis ter noticiado que Carla Alexandra teria assinado um termo de responsabilidade onde declarava não pretender apoio por parte de ninguém, nomeadamente da Santa Casa da Misericórdia, entidade que estava a prestar auxílio naquela altura, a Santa Casa da Misericórdia de Oliveira de Azeméis continuou a acompanhar a situação de Carla, apesar dos esforços da mesma em não ser ajudada.
O Correio de Azeméis voltou a entrar em contato com Sandra Morais, técnica da Santa Casa e que acompanhou o caso, para tentar perceber a situação.
Sandra Morais explicou que Carla assinou um novo termo de responsabilidade na Segurança Social, no passado dia 17 de julho, isto depois de ter abandonado as instalações da Santa Casa da Misericórdia no dia 07 de julho. A técnica explicou ao Correio de Azeméis que a mesma “não quer acompanhamento, porque não quer ter qualquer tipo de regra. Regras básicas como tomar banho, andar com a roupa lavada, ter o quarto organizado. O que faz na rua faz exatamente dentro de um espaço fechado (…) queria estar livre, não queria que ninguém mandasse nela. Mas ninguém mandava nela, apenas lhe íamos orientando no sentido da correta conduta perante funcionários, neste caso da Santa Casa, porque ela estava aqui inserida”.
Maus tratos a funcionários da Santa Casa e problemas com álcool
Sandra Morais destacou que para além de “não respeitar regras básicas”, Carla também “maltratava os funcionários [da Santa Casa], [inclusive]chegou a roubar. Continuava a chegar à Santa Casa alcoolizada. As últimas vezes que aqui pernoitou, chegava depois das 19h, saltava a vedação e de manhã, antes de nós chegarmos às nove horas, já não estava cá”.
“Fiz por ela o que em 21 anos não fiz por nenhum beneficiário”
“Em termos mentais nós estamos completamente esgotadas. Investimos tudo o que podíamos em termos profissionais e emocionais e ficamos sem chão. Parece que o que fizemos não surtiu efeito nenhum, mas consciência tranquila em termos de trabalho, de empenho. Fiz por ela o que em 21 anos que aqui trabalho eu não fiz por nenhum beneficiário”, referiu Sandra Morais ao Correio de Azeméis.