27 Nov 2024
> Helena Terra
A vida em comunidade é inconcebível sem comunicação. Mesmo antes da existência das sociedades, tal como hoje as conhecemos, já a comunicação fazia parte integral da vida dos seres humanos. É a comunicação que permite a interação entre as pessoas, a transmissão de ideias, pensamentos e a troca de experiências. É através da comunicação, nas suas mais diversas formas, que conseguimos resolver conflitos e prevenir outros tantos. A comunicação é imprescindível, hoje, para se construir uma carreira pessoal ou profissional seja em que área for. Além disso, e, sobretudo nos dias em vivemos, a comunicação pode ser uma importante arma de combate da solidão e de monitorização de situações de vida que necessitam de especial vigilância e cuidado.
A importância da comunicação daria para elaborar uma tese, mas não é isso que aqui importa. Este introito, serve apenas para enquadrar aquilo que hoje, pretendo transmitir.
Pois bem, hoje um dos importantes instrumentos de comunicação são as chamadas redes sociais, que são plataformas onde as pessoas podem consumir os conteúdos nelas disponíveis de forma gratuita, partilhar os seus próprios conteúdos que vão desde estados de alma, ao exibicionismo, ao anúncio das mais variadas coisas. Serve para manter pessoas conectadas com outras pessoas, combatendo distâncias entre elas. Serve os interesses do voyeurismo e, cada vez mais, permite a circulação de grandes aleivosias e de fake news que nunca são ingénuas, mas que alimentam espíritos pouco exigentes e colecionam likes e emojis, do mesmo tipo e afinados pelo tom dos “conteúdos”.
De todas as redes sociais existentes direi que o Facebook é a de mais largo espectro no que toca ao número de usuários e, simultaneamente, é a que tem mais banda larga no que toca ao elevado número e diferentes tipos de “conteúdos”. Serve para quase tudo, até para o exercício de atividade e comentário político, regra geral, pouco nobre e muito pobre. E quando merece apenas estas adjetivações é quando é menos má.
Por cá já nos vamos habituando que a proximidade de atos eleitorais, mormente de eleições autárquicas, é terreno fértil para o surgimento de blogues que nada blogam, porque apesar de serem atualizados frequentemente, não transmitem informação, nem veiculam opinião pessoal dos seus autores. Desde logo, porque estes não têm rosto, embora com facilidade se saiba quem são. Não têm coragem, porque se escondem atrás de ecrãs, usando a web e exibindo perfis falsos para intoxicar os seus utilizadores que, muitas vezes são os mesmos num fenómeno da desmultiplicação de vários perfis.
Perante isto, resta-me afirmar várias coisas. A primeira delas é que, cumprindo os requisitos da lei eleitoral, ninguém está impedido de se candidatar. A segunda é que, quem tantos palpites tem para dar, deve tentar executá-los. A última é que o 25 de Abril de 74 se fez para que as pessoas livremente, sem terem de se esconder, digam aquilo que pensam…, claro está que convém que pensem!
Helena Terra, Advogada