11 Dec 2025
Helena Terra*
Opinião
"Antecipar problemas e soluções continua a ser a melhor forma de converter risco em oportunidades. Prevêem-se ventos de mudança”
Entre 24 e 28 de novembro último realizou-se a semana dos Moldes. Este é um evento Bienal que este ano teve lugar em três concelhos do país, Marinha Grande, Oliveira de azeméis e Leiria. Oliveira de Azeméis concentrou o evento nos dias 25 e 26 de novembro, no Business Center da Área de Acolhimento Empresarial de Ul/Loureiro. Tratou-se de um evento organizado conjuntamente pela CEFAMOL, a CENTIMFE, e POOL-NET, com várias sessões de trabalho, cada uma com vários painéis que consistiram num espaço de análise, reflexão e debate sobre tendências tecnológicas e desafios de mercado para o setor dos moldes, sejam os desafios do presente, sejam os desafios do futuro próximo. E os desafios que se colocam a este setor de atividade são muitos e de diversa ordem.
A combinação da indústria 4.0 com a indústria 5.0 é um deles. A primeira com o foco na necessidade de investimento em tecnologia, automação e digitalização como forma de combater a escassez de mão de obra especializada. A segunda, mais focada nas pessoas, reserva à tecnologia o desenvolvimento de tarefas repetitivas com a supervisão dos humanos, reservando um papel determinante à colaboração entre pessoas e robots.
São grandes as alterações que se verificarão nas formas de emprego, tal como apontaram as conclusões do Fórum Económico Mundial de Davos no início de 2025. As competências físicas manuais descerão gradualmente, estimando-se que, em 2030, estas competências representem apenas 25% da força do trabalho.
Outro grande desafio do setor é o Mercado de Produto. A indústria automóvel, tradicionalmente, foi um cliente fiável, mas deixou de oferecer a segurança a que habituou os nossos empresários e isto deve-se a questões geopolíticas que não podem ser ignoradas.
A guerra na Ucrânia gera incerteza quanto ao futuro da europa. As políticas alfandegárias dos E.U.A. dificultam os negócios internacionais. A evolução tecnológica da China e as suas políticas protecionistas aumentam a pressão sobre as empresas europeias.
A indústria de moldes, com uma vocação fortemente exportadora, enfrenta atualmente desafios significativos, nos quais se combina uma redução de mercado e uma condição económica delicada para muitas empresas. Dir-se-á que é uma tempestade perfeita, mas não se poderá dizer que é uma tempestade invencível. Este é um setor que demonstrou que os seus players estão unidos e que têm o diagnóstico feito. É necessário transformar o mindset da gestão. Apostar num investimento estruturado na eficiência. Apostar na inovação e não competitividade global. Estreitar a colaboração entre as empresas, as instituições de ensino e as entidades governamentais, para fazer investigação sustentada e sustentável.
Antecipar problemas e soluções continua a ser a melhor forma de converter riscos em oportunidades. Prevêem-se ventos de mudança, mas espera-se que reine a bonança porque, no setor dos moldes, Portugal é “o 4.º maior exportador europeu e o 8.º a nível mundial”.
* Advogada