31 Jan 2023
António Magalhães
A Igreja comemora a 2 de Fevereiro a festa da Candelária, entre nós conhecida por Senhora das Candeias. Festa em que se celebra o acto da purificação da Virgem Maria depois da apresentação do Menino no templo.
A Candelária toma o nome de Apresentação e assim a denomina a Igreja do Oriente. No Ocidente é uma festa consagrada à Virgem e chama-se Purificação. A designação de Candelária, ou de Senhora das Candeias, resulta do facto da antiquíssima prática, hoje quase extinta, de benzer e acender neste dia muitas velas e candeias que seguiam depois em procissão pela igreja, pelos claustros e pelos adros. Momento solene que simboliza a proclamação de Jesus como verdadeira e única luz do Mundo.
O dia 3 é delicado a São Brás, bispo e mártir nascido na Arménia, junto ao Mar Negro, terras que então se incluíam no Império Romano e hoje fazem parte da Turquia. Advogado da garganta, refere a tradição que, seguindo São Brás em viagem, apareceu-lhe ao caminho em desespero uma mãe que via o filho já em agonia, porque se lhe havia atravessado uma espinha na garganta. Condoído, o piedoso bispo ergueu uma prece aos céus rogando a saúde do menino. Mal o santo terminou a súplica, a criança tossiu, a espinha saltou, restituída ficou a saúde. Prodígio que muitos romeiros evocam na igreja de Santa Maria de Ul, junto à imagem do santo em festa.
As festas a Nossa Senhora das Candeias e a São Brás, que têm lugar, em Ul, serão das mais antigas da região. A origem ao certo ninguém a conhecerá. Documentos que caminham para os três séculos de vida falam-nos já destas romarias e destas devoções, mas é muito provável que venham de bem mais longe. Acontece mesmo que, para muitos, São Brás aparece como o padroeiro, embora a guarda da paróquia esteja confiada desde tempos imemoriais a Nossa Senhora da Assunção; a freguesia chamou-se oficialmente, até pouco depois da proclamação da República, Santa Maria de Ul.
(Escrito de acordo com a anterior ortografia)