“Sentir na pele as Corridas Solidárias”

Opinião

> Ana Correia

Muitos leitores de uma forma ou de outra já ouviram falar das Corridas Solidárias por Ricardo Bastos. Pretendo neste artigo, deixar a minha opinião sobre este movimento solidário, demonstrando como é sentir na pele este movimento, e de algum modo demonstrar a essência deste projeto.
Contextualizando o leitor, e segundo o criador, Ricardo Bastos, o movimento surgiu numa manhã de chuva, onde este corria no Parque da La Salette e, num momento seu de oração, surge a ideia. Foi então, pela vontade de ajudar Instituições e Associações do Concelho, que em 2009, ganhou forma a iniciativa, e a Ricardo Bastos juntaram-se tantos outros cidadãos, amigos, família, conhecidos e desconhecidos, que se identificavam com o seu lema “Deus trabalha, Eu transpiro”. 
Desde essa altura, as Corridas Solidárias nunca mais pararam e para além de contribuírem financeiramente para várias entidades concelhias, que já prestam o seu bom serviço à comunidade, as Corridas Solidárias contribuíam também para um crescimento e despertar interior pessoal, ora não fosse a sua verdadeira origem ligada à fé, superação e altruísmo.
Quem me conhece, sabe o quanto considero importante a prática desportiva para o bem-estar físico e emocional. Sempre que possível, tento colocar no meu dia-a-dia a corrida. Descobri o gosto pela corrida com o eterno amigo e treinador António Pinho que me acolheu no NAC. E, trabalhando na área social, defendendo o verdadeiro conceito de intervenção comunitária, para mim conhecer um projeto onde se pode aliar a corrida à solidariedade e mais ainda acolhendo Instituições do nosso concelho, vir a participar tornou-se uma questão de tempo.
 Foi em setembro de 2022 que tive a minha primeira experiência a correr e a caminhar nas 24horas junto às piscinas municipais. Fui recebida de braços abertos no grupo que já corria e “percebida da poda”, eu era a única, naquele momento que nunca tinha participado, nunca tinha corrido ou feito qualquer prova durante tantas horas. Fui participar completamente às cegas e nessas 24horas consegui percorrer 105km. Foi nessa noite, após cerca das cinco da manhã e de já ter percorrido mais de 80km, que percebi e acreditei (também após o Ricardo dizer-me: “Ana tu és capaz!”) que o meu corpo e a minha mente podiam fazer mais, que afinal era capaz de fazer um verdadeiro record pessoal, desta vez não em prova, para chegar à meta, mas interiormente. 
Desde esta minha primeira participação, que a vontade de voltar a participar e sentir esta prova interior ficou. Em 2023, participei pela primeira vez no percurso de Fátima a Oliveira de Azeméis atingindo 118km. Este ano, nos dias 25 e 26 de maio, consegui percorrer 105km. Já tinha percorrido antes, várias vezes os 160km a pé. Sempre foi e será a fé que nos move. Ao fim de tantos quilómetros, onde as pernas já pesam quilos, onde já não se suporta a roupa no corpo, onde cada ferida e bolha pisada são sentidas do dedo do pé à ponta do cabelo, nada como superar as dores do corpo, com a palavra amiga, com as histórias partilhadas, com o companheirismo a boa disposição, a fé, a alma e a oração, sabendo que somos sempre capazes. É este acreditar que muitas vezes precisamos para superar os obstáculos que a vida nos coloca.
 Com as Corridas Solidárias este sentimento e estas sensações não são diferentes, tirando o grande pormenor que, para além deste retiro e crescimento interior enquanto percorremos cada quilómetro, podemos em simultâneo ajudar alguma Instituição/Associação, ou seja, não fica um percurso apenas pessoal, mas também comunitário.

Ana Correia, Mestre em Educação de Adultos e Intervenção Comunitária, Gestora da Qualidade na Sta Casa da Misericórdia de Oliveira de Azeméis, Formadora no IEFP, Atleta do Núcleo Atletismo Cucujães

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