11 Sep 2025
> Catarina Gomes
Setembro marca o regresso às aulas e o fim das férias para muitas famílias. A chegada do novo ano letivo traz consigo cadernos novos, horários para cumprir e mochilas às costas — mas também um turbilhão emocional muitas vezes invisível.
Por aqui tenho duas filhas a entrar em ciclos diferentes: uma a seguir para o 5.º ano e outra a começar o 1.º ano.
Entre a azáfama de preparar tudo, organizar rotinas e lidar com os desafios do dia a dia, há uma pergunta importante que por vezes esquecemos: como está a saúde emocional da família neste recomeço?
Esta é uma fase de ajustamento — e nem sempre é fácil. As crianças podem sentir-se ansiosas ou inseguras com novas rotinas, professores ou colegas. Os adultos, por sua vez, enfrentam o regresso ao trabalho com o peso acrescido da logística familiar. O cansaço instala-se cedo, a paciência encurta, e muitas vezes surgem sentimentos de culpa ou frustração.
Importa lembrar que estas emoções são naturais. Sentir-se sobrecarregado não é sinal de fraqueza, é sinal de que se está a tentar dar resposta a muita coisa ao mesmo tempo.
A boa notícia? Não é preciso mudar tudo para melhorarmos a qualidade das nossas rotinas familiares.
Rotinas simples trazem segurança. Não têm de ser rígidas. Basta que sejam previsíveis e adaptadas à realidade de cada casa.
Dar voz às crianças. Incluir os mais novos em pequenas decisões (como o lanche ou a roupa do dia seguinte) pode aumentar a cooperação e reduzir o stress.
Mudar o tom muda a relação. Em vez de dizer “Despacha-te!”, podemos perguntar “O que te pode ajudar a sair mais rápido amanhã?”.
Parar também é cuidar. Um minuto de pausa antes de reagir, uma respiração consciente, ou um pedido de ajuda a tempo — são formas simples e eficazes de cuidar de quem cuida.
O mais importante neste regresso às aulas não é ter tudo pronto ou perfeito — é estar disponível, emocionalmente presente e atento às necessidades de todos, incluindo as nossas.
“Como queremos que as manhãs sejam lembradas?”
Às vezes, basta esta pergunta para recentrar prioridades. Porque no fim de contas, são os pequenos gestos que deixam as maiores memórias.
Catarina Gomes, Psicóloga (C.P. 8467); Terapeuta Familiar e de Casal ; Facilitadora de Parentalidade Consciente;
Facilitadora de Parentalidade Não Conjugal (GP3S)