“Temos de seguir em frente, mas as forças são nenhumas”

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Licínia Tavares perdeu a casa no incêndio

Licínia Tavares vivia em Macinhata da Seixa há 50 anos, na Travessa da Taipa, mas no dia 16 de setembro tudo mudou. O incêndio que deflagrou nesse fim de semana galgou com bastante intensidade a freguesia de Macinhata da Seixa, levando com ele a casa onde Licínia Tavares vivia, com um filho e três netos.

“Sinto o corpo todo a tremer.” Foi assim que descreveu o sentimento quando questionada pela Azeméis TV/FM sobre o facto de estar no local ao qual chamou casa durante 50 anos e estava agora tudo destruído pelas chamas.

Como tudo aconteceu

Rogério Almeida, que acompanhou a sua mãe na reportagem da Azeméis TV/FM e é residente em Ul, explicou-nos que “foi tudo muito rápido”. “Eu tinha ido trabalhar. Foi o meu filho que alertou a minha mãe, que lhe ligou para perceber se estava tudo bem, porque o fogo andava perto. Ela foi à janela e percebeu que já se estava a aproximar e de imediato o meu filho veio para cá e eu vim logo de seguida”, relatou.

Com algum sentimento de frustração, Rogério acredita que se a luz não tivesse falhado teria sido possível salvar a casa da mãe. “Começámos com as mangueiras a tentar regar tudo, mas faltou a eletricidade e ficámos sem poder ajudar”, disse.

“Quando os bombeiros chegaram já não havia nada a fazer, já estava a arder a parte da frente da casa. Suspeitámos que a cobertura do alpendre, as chapas que aqui estavam eram de material muito inflamável. Os bombeiros até tiveram de meter máscara de oxigénio para entrar. Agora temos de viver, a vida continua daqui para a frente”, prosseguiu Rogério Almeida, à Azeméis TV/FM.

O momento de sufoco

“Eu comecei a ver tudo a arder à volta de casa. Nem tive tempo de me vestir, quando o meu neto chegou tirou-me imediatamente de casa, porque senão ia morrer”, desabafou Licínia Tavares, que num momento como aquele diz ter ficado “sem forças nenhumas e ainda não as tenho”, referiu, enquanto permanecia de costas para a casa, agora totalmente destruída. “Eu ainda nem consigo ver isto, não me conformo, prefiro ficar de costas.”
“Há 50 e tal anos que vivia nesta casa, imagine agora como está o meu coração a deixar a minha casa. Quando vim para cá não tinha nada, fomos nós que fizemos obras na cozinha e na casa de banho…”, lamentou.

Uma onda de solidariedade

Naquela noite, Licínia, com os restantes membros da família que viviam com ela, ficaram em casa do seu filho Rogério Almeida, em Ul. No entanto, “nesse mesmo dia, a câmara já tinha arranjado um apartamento, com colchões novos e enquanto estão a preparar o resto do apartamento, eles ainda vêm comer e tratar das suas necessidades a minha casa”, descreveu Rogério à Azeméis TV/FM.

Situado no Bairro de Lações, em Oliveira de Azeméis, de acordo com o filho de Licínia, o apartamento estará a ser equipado totalmente pela câmara municipal e, neste momento, a comunidade em geral tem-se unido e ajudado esta família. Destaque para o contributo do Lions Club de Oliveira de Azeméis e de várias empresas que têm doado desde eletrodomésticos até móveis para a casa.

“Deixei aqui tudo”

“Temos de seguir em frente, mas as forças são nenhumas”, voltou a recalcar Licínia Tavares, que, com a voz um pouco embargada, confessou que aquilo que deixou de maior valor foi um envelope com dinheiro, guardado numa arca, com uma quantia que rondava os 7.500 euros.

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