25 Jul 2023
Vanda Pereira*
Terminou o ano letivo e todas as atividades com ele relacionadas, terminou a escola básica para aqueles que muito pouco usufruíram da mesma. Falo das crianças que terminaram o quarto ano, as crianças que deram verdadeiro sentido à resiliência, que logo no primeiro ano se viram privadas de uma sala de aulas, que aprenderam a ler, a escrever e a fazer contas em casa, que perderam o sentido do que é escola, do que é o recreio. O recreio que nessas idades é tão importante quanto a aprendizagem no quadro e da professora, elas que foram privadas de todas e mais algumas atividades.
E, assim lhes foi roubado a infância e nada lhes poderá restituir o perdido. Tiveram que abraçar as novas tecnologias como nunca antes, sem saber ler, tiveram emails para responder.
Sem tirar o mérito da bravura aos outros alunos, professores, pais e a toda a comunidade relacionada com a educação, quero apenas relembrar que as crianças que terminam agora o quarto ano, na verdade nunca tiveram um ano completo de escola. Se os três primeiros foram marcados pela pandemia (da qual já nem se fala), o último foram as greves, incertezas à porta da escola. Este último também ficou marcado por várias viroses que foram surgindo como consequência do isolamento social.
As nossas crianças que terminam o quarto ano, são pequenos heróis com os quais aprendemos todos os dias a enfrentar as adversidades da vida. Com otimismo espero que os próximos professores que as vão receber se lembrem de tudo isto, uma parte da infância roubada, que molda os pensamentos e as atitudes destes futuros adultos. As essas crianças desejo-lhes um futuro promissor, no qual se sintam realizadas e encontrem tudo aquilo que almejam.
* Leitora Correio de Azeméis, Oliveira de Azeméis