'Tia São', a mais antiga padeira de Ul em atividade

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DESDE PEQUENA A SEGUIR AS PISADAS DA BISAVÓ

Assunção Sousa Soares, carinhosamente conhecida como 'Tia São Padeira', celebrou os seus 90 anos, no dia 8 de fevereiro. Uma vida ligada ao pão de Ul, é a mais antiga padeira de Ul em atividade. Todas as quartas ainda coloca as mãos na massa para delícia de amigos e familiares que não resistem ao pão da 'Tia São Padeira'.

Sentada no pátio, a ler um livro. Foi assim que a 'Tia São Padeira' recebeu a equipa do Correio de Azeméis. Lá dentro a cozinha, onde reina o cheiro à tradição e onde o forno é rei. Assunção Sousa Tavares, começou muito nova a percorrer os caminhos do pão de Ul.  "Quando comecei a minha mãe tinha que colocar um banco para eu chegar á masseira". Uma tradição que corre no sangue da família desde o tempo da sua bisavó. 'Tia São Padeira' recorda uma “vida muito trabalhosa. Era todos os dias a começar a cozer de madrugada. Às 4 da manhã acordava para começar a amassar". Ainda hoje recebe “amigos de Carregosa”, que pontualmente a visitam durante as Festas de São Brás. O segredo? "É tudo feito à mão. Não há maquinaria. É como antigamente. O forno é a base do segredo. Cada forno tem as suas características”.

A rota do pão

Feito na cozinha da família da ‘Tia São Padeira’, o pão de Ul da ‘Tia São’ sempre migrou para freguesias vizinhas. Todos os dias deixavam pão na estação de Ul. O Vouguinha fazia o resto. No Couto (Cucujães) estava uma vendedeira à espera. "Era uma vendedeira, ou regateira como dizíamos antigamente. O pão já ía todo vendido". No início, no tempo da avó da Tia São, o pão era transportado a pé. De Ul rumavam rumo a Carregosa, Pindelo e até Farrapa, já no concelho de Arouca.  "Antes de começar com a carrinha eu ia com as moças da minha mãe a pé. Com o pão à cabeça. Depois era voltar a casa a pé  para começar tudo outra vez". Uma vida "dura, mas que deixa saudades. A gente ia por aí fora e era uma festa. Tomávamos café em casa e só em Pindelo se voltava a tomar café. Só na Farrapa tinha lá uma senhora que às vezes me dava um prato de sopa. Quando chovia entrava na cabeça e saía nos pés. Mas gostava mais do tempo de chuva do que com o calor. Com o calor custava-me os olhos da cara".

 

"Uma cozinha cheia à espera que o pão cozesse"

"Vinham 5 pessoas a pé de Pindelo, e cada uma levava o seu carrego para distribuir.  Via a cozinha cheia de pessoas sentadas à espera que o pão cozesse", recorda a 'Tia São Padeira'. Depois as coisas foram mudando. "O pão começou a ser transportado numa furgoneta pelo meu cunhado. Três vezes por semana. Iam a Carregosa, Pindelo, Farrapa, Vila Cova de Perrinho, Teamonde".

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