23 May 2022
Simão Magalhães *
Na edição da semana anterior, era possível ler uma notícia sobre o “mau serviço dos CTT”. Através da indignação da população, averiguava-se o caráter zeloso dos profissionais deste serviço. Nada contra, mas a conclusão pareceu óbvia: a culpa não é dos trabalhadores.
Desde a concessão dos CTT aos privados, a prestação dos serviços tornou-se uma miragem para muitos utentes. Com a privatização, vieram o fecho dos balcões e o despedimento de trabalhadores. Isto significa, na prática, a entrega de faturas no limite de pagamento ou mesmo fora de prazo, deslocações maiores para quem depende dos serviços para realizar pagamentos e levantar pensões ou subsídios, com impacto significativo na população mais idosa.
Mas por que será que as cartas não chegam? A resposta é bastante simples. Os funcionários tiveram um aumento significativo de trabalho, sem a devida remuneração, devido aos cortes de gestão e enfrentam uma pressão maior para realizarem a sua tarefa.
Os CTT não destoam da restante privatização de serviços. Perdem os utentes e perdem os trabalhadores. Só há uma forma de garantir o serviço eficaz e justo: a nacionalização.
* Membro da concelhia do Bloco de Esquerda
Segundo nota enviada pelo BE sobre o assunto aqui tratado nesta crónica o partido acrescenta que:
“Com a privatização, surgiu tudo aquilo que era evidente: o encerramento de balcões e o despedimento de funcionários. Uma lógica mercantilista, focada no lucro, aplicada a um serviço que era bem feito e lucrativo. A precarização dos postos de trabalho normalizou-se, para desespero dos trabalhadores e com consequências desastrosas para os utentes dos serviços prestados pelos CTT.
É um facto que os CTT falham, ano após ano, nos indicadores de qualidade do serviço postal. Mas quem mais sofre com isso é a população, especialmente a mais idosa.
Para o Bloco de Esquerda, o Estado Social e os serviços públicos não podem estar nas mãos dos privados.”