Diogo Barbosa *
Ser jovem trabalhador em 2022 é uma completa asfixia. Em Oliveira de Azemeis esta realidade também se comprova. Talvez devido ao elevado nível de industrialização que o nosso concelho, bem como os que são nossos vizinhos, assistem, essa realidade não se comprove assim tanto, ou pelo menos à superfície.
A realidade é que na maioria das vezes os jovens do nosso concelho tem duas opções. Uma delas é a entrada no mercado de trabalho diretamente após concluírem o ensino secundário, nomeadamente nas várias indústrias espalhadas pelo nosso território ou, uma segunda opção, enveredar pelo ensino superior à procura de uma vida melhor, acabando muitos deles por não regressarem à sua origem por questões profissionais. Exceção a estas situações serão aqueles que seguiram as ciências exatas e assim poderão vir a ser absorvidos para os quadros mais elevados do setor industrial.
Essa asfixia não vem de agora. Desde 2008, com a crise financeira do capitalismo, os jovens ficaram mais pobres e dependentes dos seus pais, iniciaram tarde as suas carreiras profissionais porque investiram na sua educação, e vivem uma precariedade tremenda. Todas estas situações aliadas à nova crise que já se faz sentir, em virtude do contexto pandémico e também da atual guerra vivida na Ucrânia, fazem com que a geração de jovens que o país tem agora seja provavelmente a mais precária e deixada ao abandono desde a Revolução dos Cravos.
Ser jovem trabalhador hoje é viver na incerteza de um contrato precário, a recibos verdes ou pela exploração do trabalho digital, em que se é obrigado a estar sempre online para cumprir os desejos da entidade patronal. Todas estas inseguranças em conjunto com a especulação imobiliária sentida a cada dia que passa, limitando as formas de curso de vida, fazem com que estes jovens estejam na vivência da incerteza.
Para que esta geração não seja uma geração sem estrutura é necessário que se acabem com os contratos precários, com os estágios sem garantia de contratação, com os falsos recibos verdes e, acima de tudo com o estigma de que a geração mais bem preparada deste país seja uma geração perdida e sem valores.
* Porta voz da Comissão Política Concelhia do BE