14 Jul 2022
Diogo Barbosa *
Os artigos que tenho vindo a escrever têm-se debruçado acerca da melhoria da qualidade de vida das pessoas, o que à partida seria algo comum a todas as forças políticas, procurar garantir que os cidadãos ao longo do tempo vêm as suas condições melhoradas e que as gerações seguintes possam ter um nível de vida melhor que quem nos antecedeu.
Ora, o que temos vindo a assistir é precisamente o contrário. As gerações das últimas duas décadas, pelo menos, têm vivido pior que os seus pais. Ainda que na generalidade tenham uma formação superior, as condições objetivas são mais deficitárias. Isto acontece porque os salários não acompanham a subida da inflação de uma forma recorrente e sistemática, bem como temos vindo a assistir a alterações do ponto de vista de acesso ao crédito que em larga medida impedem que os jovens que iniciam as suas carreiras profissionais não possam aceder a financiamento para adquirir habitação própria. Aliado ao facto de a formação na qual investem fazer com as suas carreiras profissionais se iniciem mais tarde e as dificuldades em serem completamente autónomos se demonstrarem cada vez maiores fica difícil organizar uma vida individual, quanto mais pensar em ter filhos.
Dizem muitas vezes que os jovens de hoje em dia não querem ter filhos. Pode ser uma realidade. Mas também é uma realidade que os jovens de hoje em dia não têm as mesmas condições financeiras que os seus pais, e que as oportunidades de desenvolvimento de uma carreira, ao contrário do que nos vendem, são bastante mais escassas.
Esta é uma realidade objetiva. É muito mais difícil ter condições para formar família agora do que há vinte anos. E isto não se resolve com medidas de apoio à natalidade, que são importantes, mas não resolvem os problemas estruturais. Esses problemas têm de ser vistos no seu todo, do ponto de vista do trabalho e da sua valorização, do ponto de vista da habitação, com uma diminuição dos valores de arrendamento e facilitação à compra por parte de pessoas com mais de trinta anos.
Se queremos evoluir o país é necessário criar condições para o mesmo.
* Porta voz da Comissão Política Concelhia do BE