10 Jan 2023
Diogo Barbosa *
O ano de 2022 foi um ano que parecia ser de recuperação e mudança no pós pandemia, mas a guerra na Ucrânia, com a crise inflacionária que está a acontecer na Europa, os efeitos das alterações climáticas visíveis na seca do verão passado e nas cheias que assolam este inverno, vieram adiar essa mesma recuperação. Parece ser cada vez mais uma realidade andarmos de crise em crise de uma forma cíclica. Na verdade, é essa a forma de sobrevivência do sistema capitalista.
Todos estes acontecimentos, e uns outros tantos que poderia aqui referenciar, o que causaram na prática foi uma perda de rendimentos generalizada das famílias, a que o governo respondeu com alguns pensos rápidos, como o desconto relativo aos combustíveis, os 125 e, posteriormente, 240 euros que as famílias portuguesas receberam. Estas soluções não resolvem os problemas de quem viu o cabaz alimentar aumentar o seu valor em cerca de 20%. Terminamos o ano de 2022 com maiores dificuldades do que começamos. Ao mesmo tempo, as grandes empresas do setor energético viram os seus lucros aumentarem, enquanto os portugueses apenas viram o aumento das suas faturas nas coisas mais essenciais da sua vida.
Contudo, não podemos olhar para esta escalada dos preços apenas como consequência da invasão da Rússia à Ucrânia em fevereiro do ano passado. Basta atentarmos à constante subida dos preços das casas depois da chamada Lei Cristas, que veio desregular por completo o mercado da habitação, que exige uma resposta firme e consequente por parte do governo, o que não acontece. O mesmo já vinha também a acontecer com a escalada dos preços dos combustíveis desde finais de 2021.
Essa política de desregulamentação também é visível com a atribuição dos novos vistos gold a nómadas digitais. Que fique claro que o problema não é as pessoas de outros países escolherem o nosso país para viver e trabalhar, mas sim a forma como o nosso governo pretende receber essas pessoas obrigando quem vive nas cidades a sair para as suas periferias por não ter condições para pagar a sua habitação.
Finalizando. 2023 será um ano de muitos desafios e cá estaremos para fazer parte da solução.
* Presidente Comissão Política