24 Jan 2023
Diogo Barbosa *
O ano de 2023 começou já com uma série de greves e manifestações que servem essencialmente para recordar ao atual governo que ter uma maioria absoluta não significa ter poder absoluto. Assim, tivemos neste sábado uma grande manifestação de professores. Convém lembrar que tudo foi feito por parte das autoridades para que estes milhares de docentes não conseguissem chegar a Lisboa para exercer o seu direito à manifestação.
A partir de ontem, e no decorrer das próximas semanas, estão marcadas greves, protestos distritais e outras formas de contestação organizadas pelas mais variadas estruturas sindicais ligadas ao setor da educação.
Este é um dos pilares daquilo que deveríamos considerar uma sociedade desenvolvida. A educação é primordial para o desenvolvimento dos nossos cidadãos que irão, consequentemente, ser quem promove o desenvolvimento do país. E esta luta, não só dos professores mas também onde de auxiliares de ação educativa e até encarregados de educação e associações de pais, é uma luta pelo futuro do nosso país. Não é compreensível que uma das que foi das profissões mais nobres da nossa sociedade esteja neste momento sem atratividade do ponto de vista salarial, de carreira, de colocações, para toda a gente que contribui diariamente no esforço coletivo de construir uma escola pública com garantias de sucesso.
Estes protestos em específico trazem à tona aqueles que são problemas com os quais os professores se tem debatido ao longo dos anos e que parecem nunca ter sido ouvidos, basta recordar o movimento pelo descongelamento da carreira em 9 anos 4 meses e dois dias. Como pode ser atrativa uma profissão onde a carreira é congelada, onde as pessoas tem que se separar das suas famílias, trazendo também o peso económico das longas deslocações, ou até o arrendamento de uma segunda habitação para poder trabalhar. Não é de admirar que os professores estejam cansados e em luta e que tantos estudantes não tenham quem lhes ensine.
* Presidente Comissão Política Concelhia do BE de oaz