9 Feb 2023
Diogo Barbosa *
É raro nestes artigos utilizar as expressões ou até crónicas de outros autores. Contudo, um dos últimos que li, escrito pelo humorista Bruno Nogueira pôs-me a pensar acerca daquilo que devem ser as prioridades dos investimentos que fazemos enquanto Estado
Temos ouvido que este será o evento das nossas vidas. Para não recuar muitos anos, o Euro 2004 também era o evento das nossas vidas, a Web Summit, agora a visita do Papa. Isto não quer dizer que a visita seja algo de errado. Errado é dizer que o retorno do incompreensível investimento realizado para as Jornadas Mundiais da Juventude será positivo para toda a gente. Isso é uma falácia.
As empresas de construção, catering, hotelaria, transportes e outras irão decerto beneficiar desta visita porque terão obviamente mais trabalho e maiores rendimentos advindos diretamente deste evento. E é aqui que entra o artigo de Bruno Nogueira saído na revista Sábado no passado dia 2 de fevereiro. Nesse artigo escreve que “esse dinheiro (do retorno) não chegará às mãos deles”. Esses, são as pessoas que vivem sufocadas pelo preço da habitação, pela inflação que no último ano tem sido gritante e com um peso significativo nas carteiras dos portugueses. E isto é uma verdade, é uma verdade que o retorno das Jornadas Mundiais da Juventude não vai servir para diminuir a pressão dos mercados de arrendamento. É certo que se diz que muitos desses jovens ficarão alojados em casas de voluntários, mas também já se observa um aumento muito significativo no preço dos estabelecimentos hoteleiros e do alojamento local, aumentando ainda mais a pressão sobre um mercado de si já pesado para as pessoas.
Que se olhe para as coisas com seriedade. O problema não é a visita do Papa a Portugal. O problema é que se assume uma despesa megalómana para este evento enquanto se diz que não há dinheiro para aumentar salários. Algo não bate certo neste discurso.
* Porta-voz da Concelhia do BE