14 Mar 2023
Diogo Barbosa *
Vivemos um tempo bastante propício ao aumento das desigualdades sociais, e este ano de 2023 não será exceção, a não ser que o Governo tome medidas no sentido de menorizar esse fosso existente em Portugal. Com o aumento dos preços de bens de primeira necessidade a um ritmo por vezes diário, urge a necessidade de se tomarem medidas que defendam os cidadãos. Basta recordar o trabalho que a ASAE tem feito no terreno por suspeita de obtenção de lucros excessivos por parte das empresas do comércio a retalho que vendem estes produtos mais essenciais. Tal fiscalização deveria resultar, na minha opinião, numa regulamentação dos preços por parte do Governo, bem como a descida do IVA, ou mesmo a isenção deste, possivelmente de forma temporária, nos produtos de primeira necessidade.
Olhando apenas para o mês de janeiro verificou-se uma inflação de cerca de 18% nos bens alimentares. É insustentável para qualquer família este aumento galopante dos preços que pode levar o país real para uma situação económica bastante mais grave do que a que se constata neste momento. Também me parece bastante falacioso o argumento do setor do retalho que diz não haver especulação nos preços. Como é possível esta realidade se diariamente vemos os produtores deste país a declararem que o preço a que estas grandes empresas compram os produtos praticamente não aumentou, apesar de os custos de produção se encontrarem mais caros devido à crise cerealífera. No fundo todo o ónus desta crise está nos produtores e, finalmente, nos cidadãos todas as vezes que estes fazem as suas compras. Ainda bem que a ASAE está no terreno a fiscalizar, mas este processo tem que ter consequência. Se se verificar, como parece ser óbvio, que a especulação está bem patente no negócio retalhista, o Governo terá que tomar medidas de controlo de preços.
Não podemos ver as pessoas a passarem fome quando as margens dos lucros destas empresas aumentam a cada dia que passa.
* porta-voz da Concelhia do BE