21 Mar 2023
Diogo Barbosa *
No sábado passado, dia 18 de março, milhares de pessoas saíram à rua sob o mote lançado pela CGTP “Todos a Lisboa! Aumento Geral dos Salários e Pensões - Emergência Nacional.” Nem poderia ser de outra forma. Como escrevi na semana passada, o ano de 2023 será um ano de aumento das desigualdades sociais. E foi para lutar contra isso que os trabalhadores se manifestaram.
Dentro daquilo que são as propostas da CGTP para a valorização dos salários e pensões, estão a subida imediata destes em 10%, ou um aumento direto de 100€ nas remunerações e subsídios atribuídos pelo Estado. É óbvio que já há quem tenha vindo a terreiro dizer que estas propostas são inconcebíveis. Caso este Governo não se recorde, foi através do aumento da remuneração da população portuguesa que, entre outros fatores, se alavancou o crescimento da economia nos últimos anos. Não foi a política de baixos salários do PSD/CDS, alguns que hoje não dariam para pagar um quarto, que ajudaram a população e, subsequentemente, a economia.
Para quem achar que estes valores são escandalosos, cabe-me recordar novamente que só no mês de janeiro a inflação alcançou cerca de 18%. Ora para aqueles que acham que esta proposta da CGTP é radical ou excessiva, servem estes números para dizer que mesmo que o Governo num ato de humildade aceitasse estas propostas, só no que diz respeito ao mês de janeiro, os portugueses ainda estariam a perder cerca de 8% do seu poder de compra. Isto para não mencionar a inflação verificada em fevereiro e a que se irá verificar este mês.
Ainda que se tenha verificado um aumento de 7,8% no salário mínimo do ano passado para este ano, este ficou atrás da inflação que situou-se nos 8,4%. Apenas para manter o poder de compra de acordo com a inflação o salário mínimo deveria ter aumentado para os 765€, e não para os 760€. Antes do início do ano os portugueses já estavam a perder 5€ por mês. Com esta proposta da CGTP, a revisão do salário mínimo deveria ser para os 836€ por mês, sendo que a acompanhar a inflação do mês de janeiro, este deveria ser de 896€ por mês. Os portugueses que ganham o salário mínimo estão, neste momento, a perder 136€ por mês.
Algo não está bem neste país.
* porta-voz da Concelhia do BE