Em
Correio de Azeméis

11 Jul 2023

Trabalhar Para Mudar

Bloco de Esquerda

Diogo Barbosa *

Celebrou-se no início deste mês o 148º aniversário do Hospital de São Miguel em Oliveira de Azeméis. Na cerimónia, foram homenageados pelo presidente do Conselho de Administração do Centro Hospitalar de Entre Douro e Vouga, Dr. Miguel Paiva, os profissionais com mais de 35 anos de carreira nesta unidade de saúde. Ainda bem que assim foi, e um profundo agradecimento a todos os profissionais que cuidam da saúde da nossa gente. Contudo, isto deve acima de tudo fazer-nos refletir acerca do estado do SNS no nosso país.
O processo de liberalização do SNS parece não ter fim à vista. Recordo que o primeiro grande choque para a minha geração no campo da saúde foi o encerramento de vários centros de saúde por todo o país, afetando de forma grave, e por vezes irreversível, as condições de acesso que a população tem aos cuidados de saúde, maioritariamente os primários. Agora assistimos ao encerramento rotativo e temporário de unidades de saúde, que muitas vezes se revelam permanentes, empurrando os utentes para serviços privados. É um processo que parece não ter fim.
A homenagem a estes profissionais deve fazer-nos refletir acerca do SNS que queremos. Queremos profissionais com carreiras dignas e seguras, ou profissionais tarefeiros? Queremos um acesso digno para toda a gente aos serviços, ou uns vão ao privado porque têm capacidade financeira enquanto a restante população é atirada para um serviço cada vez mais degradado?
Para se valorizar o SNS é necessário valorizar as carreiras profissionais, desde auxiliares, técnicos, enfermeiros, médicos. Toda a estrutura tem que ver a sua carreira reconhecida e com a devida progressão para que o serviço público seja atrativo. Um hospital como o de São Miguel significa proximidade com a população,  e é isso que precisamos, serviços públicos que estejam próximos das pessoas. 
Já que existe uma direção executiva do SNS, cujo objetivo é olhar para ele como um todo e torna-lo adaptado às necessidades da população, que ela sirva para cumprir o desígnio de um país desenvolvido também na área da saúde. 
* Porta voz do BE

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