6 Dec 2023
Diogo Barbosa*
Na semana passada falei aqui da instabilidade a que agora se assiste, após a queda do Governo e referi que foi a “Geringonça” o último momento de estabilidade no país. Por muito que se tivesse achado que a maioria absoluta do PS fosse conduzir a uma estabilidade, com António Costa cerca de dez anos como Primeiro Ministro, isto não se concretizou porque este Governo não trouxe políticas estáveis. Não as trouxe na habitação, no SNS, naquilo que é o rendimento das famílias. Não negando os aumentos salariais que existiram desde 2015, basta recordar que com o aumento para este ano de 2023, uma pessoa com o salário mínimo estava a perder cerca de 136€ de rendimento por mês. Isto empobreceu o país, apesar de os portugueses terem mais dinheiro na carteira. Só que esse dinheiro vale cada vez menos.
Para além de tudo isso parece que Portugal é um país de ricos aos olhos deste Governo PS. Como é possível que no espaço de três anos as rendas tenham subido cerca de 25%? Foi uma política socialista? Não creio. A habitação é fundamental para o desenvolvimento dos cidadãos. Como é que é possível que seja neste momento um dos negócios mais rentáveis neste país? Gostaria de recordar que ser senhorio não é uma profissão, que a especulação imobiliária é crime e que enfrentamos uma crise grave, que coloca pessoas na rua. Pasme-se ao saber que até o próprio Estado tem o despudor de despejar famílias carenciadas das suas casas. Não sei onde é que a direita vê o socialismo do PS, mas estas políticas não são com certeza socialistas.
Além disso, o valor dos alimentos mais básicos subiu cerca de 40%. Não há aumento de salário que seja capaz de fazer face a todo este crescimento de preços que asfixia cada vez mais as famílias portuguesas. Acabando o IVA 0 daqui a cerca de um mês, veremos que compras levam os portugueses para casa.
O resultado final é que até podemos ter um excedente orçamental e contas certas, mas, na verdade, este país e as suas pessoas estão mais pobres, com mais dificuldades. Se isto foi uma política socialista, nem quero imaginar o que será um governo de direita.
* representante do BE