Diogo Barbosa *
Na minha última crónica abordei as eleições e hoje vou voltar a fazê-lo. Estamos a menos de um mês das legislativas e é hora de todos começarmos a fazer as nossas escolhas. O tema que trago hoje é acerca da utilidade do voto, essa arma democrática que cada cidadão tem nas mãos para decidir acerca do seu próprio futuro.
O voto útil, pressão causada pelos principais partidos portugueses, não é mais que uma tentativa do PS e PSD conseguirem manter a alternância entre os dois, sem que isso signifique necessariamente uma alternativa. Este medo incutido nas pessoas de que é quase obrigatório votar nestes dois partidos para existir estabilidade governativa é uma falácia. O que os dois maiores partidos portugueses propõem realmente com a pressão desmesurada do voto útil é um esvaziamento da própria democracia. Falam como se qualquer resultado que não seja a sua vitória se apresente como fator de instabilidade. Isso é mentira. E a prova disso é a instabilidade que todas as pessoas sentiram com a maioria absoluta que, para o PS, significou poder absoluto. Temos visto Pedro Nuno Santos a utilizar essa chantagem do voto útil em todos os debates com os partidos à sua esquerda, uma espécie de “para as vossas propostas serem aplicadas as pessoas têm que votar no PS”. Note-se que não estou a fazer uma citação, apenas a refletir a ideia das várias frases diferentes que Pedro Nuno Santos tem dito neste seu apelo ao voto no PS.
As pessoas devem votar naquilo que são as suas ideias e os seus valores e não no medo. O que Pedro Nuno Santos pretende com este discurso, já agora também utilizado por Luís Montenegro, é esvaziar os partidos à sua esquerda, logo esvaziar a democracia. É uma tática utilizada há muito tempo pelos maiores partidos. O verdadeiro voto útil é o que defende os nossos interesses. Convidava toda a gente a ler os programas dos partidos políticos para que possam votar em consciência, para não se deixarem amarrar a esta lógica do voto útil para impedir que um qualquer papão ganhe as eleições ou as possa disputar taco a taco.
*representante do BE