18 Mar 2024
Diogo Barbosa *
No artigo da semana passada abordei as questões relativas aos resultados eleitorais. Contudo, há algo que me parece voltar a reforçar. O nosso sistema eleitoral, através do método de Hondt, teve sempre o condão de favorecer os dois maiores partidos em Portugal, PS e PSD, não representando totalmente a vontade popular. Os partidos mais pequenos ficam sempre prejudicados por esta distribuição. Não quero com isto negar o crescimento do Chega, força populista, corrupta, financiada pelo pior do sistema capitalista e até com deputados eleitos condenados por crimes. O que quero dizer é que devemos fazer uma reflexão acerca do nosso sistema eleitoral. E não é a reflexão que tenho escutado por aí de que o sistema deveria ter um método uninominal, por exemplo. Este método é ainda menos representativo que o método de Hondt. Defendo que se deveria estudar outro sistema como o da proporcionalidade direta. É inadmissível que num sistema democrático um partido veja desperdiçados cerca de 46% dos votos que obteve. É real a viragem do país a uma proposta populista, de extrema direita, cuja política só terá como consequência a degradação da nossa condição de vida enquanto coletivo, mas o sistema eleitoral que temos não é totalmente representativo.
Mas indo ao que temos. Apesar do não é não de Luís Montenegro, que espero que se mantenha, existem setores do PSD desertinhos por estender a escada da governação ao Chega. Ou setores do PS que defendem um bloco central. Creio que muita tinta vai correr nos próximos tempos, e a esquerda progressista e democrática tem de se saber unir e refletir acerca dos problemas dos portugueses, mas sem utilizar a demagogia e o populismo de um partido que veio para destruir, não para construir.
Falei do sistema eleitoral porque acredito que uma força como o Chega vai fazer o que conseguir para destruir o que conquistamos com o 25 de Abril. Nos 50 anos desta data tão importante para a nossa vida coletiva, saibamos defender a nossa democracia com unhas e dentes, mesmo com todos os defeitos que ela encerra.
*representante do BE