17 Apr 2024
Diogo Barbosa *
Estamos a aproximar-nos daquele número redondo de celebração dos 50 anos do 25 de Abril de 1974, que deveria ser a festa da democracia. Mas, este ano deve ser uma data para assinalarmos que estamos presentes para lutar pela nossa liberdade, sem políticas de ódio e segregação que nada dignificam o caminho que percorremos até aqui na conquista de direitos, liberdades e garantias. Apenas um ponto que me parece ser de extrema importância. O exercício da nossa liberdade não significa uma imposição do que nós somos aos outros, significa podermos ser quem somos sem amarras opressoras e conservadoras.
Podemos, e com toda a certeza dizer que ainda muito falta para andar e para cumprir Abril, mas não nos podemos esquecer que foi com este momento que cada um de nós contou como pessoa. Foi a partir deste momento que a escola, a saúde, a habitação, a dignidade do trabalho, a abertura do nosso país as pessoas que cá queiram vir ou necessitem por não encontrarem no seu país de origem a liberdade que aqui temos.
O que está a deitar por terra tudo isto que foi conquistado, à custa do sofrimento de muitos portugueses, são as políticas liberais e ultra liberais que tudo consomem à sua volta visando apenas uma coisa, o lucro. No fácil discurso populista o problema está sempre no Estado, é tudo corrupto. Para não existirem más interpretações. Não quero com isto dizer que a corrupção não existe. Existe e deve ser combatida com o Estado a utilizar os meios à sua disposição, e melhorá-los, para esse combate. Mas a ladainha populista atira tudo para o mesmo saco. É mais fácil construir uma narrativa entre o nós e o eles.
Nos 50 anos do 25 de Abril, olhemos à nossa volta e tenhamos esta percepção. O nós e o eles, que nos estão a tentar vender, não estão no sítio certo. A luta é contra o sistema opressor e conservador, não contra as pessoas que fazem escolhas acerca da sua vida em temas que já não deviam ser fraturantes e agora saem da cova para atormentar as pessoas.
Palavra de ordem para manter até a exaustão “25 de Abril Sempre, Fascismo Nunca Mais”.
*representante do BE