13 May 2024
Diogo Barbosa
Vivemos neste momento numa constante campanha eleitoral. Os resultados das eleições legislativas de 10 de março, que apesar de terem ditado uma maioria da AD, esta não se constituiu como absoluta dando uma nova centralidade ao parlamento. Principalmente quando à direita da AD a bancada radical tem 50 deputados, o que condiciona a ação governativa devido ao “Não é não” do atual Primeiro Ministro, não sabendo quando voltaremos a ter eleições antecipadas. Não estou com isto a defender o atual governo, apenas a analisar objetivamente as suas dificuldades neste período.
Outro momento marcante, nomeadamente por se comemorarem os 50 anos do 25 de Abril de 1974, foram as declarações de Marcelo Rebelo de Sousa acerca das reparações dos crimes coloniais. Será boa altura para trazer este tema para cima da mesa. As acusações de traição de que foi alvo, apenas servem para demonstrar que o colonialismo português ainda se constitui como ferida aberta na sociedade portuguesa e é altura de olharmos para os nossos erros, compensar quem exploramos ao longo do 500 anos e de nos colocarmos no nosso lugar de colonialistas e exploradores, tendo sido responsáveis pelo tráfico de cerca de 5 milhões de pessoas. Se isto não é um crime que deve ser reparado, alguém me diga qual deve ser.
Como é um crime explanado na nossa Constituição todo e qualquer tipo de ataque racista ou xenófobo, como aqueles que foram verificados recentemente no Porto, organizados por terroristas de extrema direita que agora se vêm legitimados no Parlamento. Afinal as estruturas racistas e xenófobas organizadas do nosso país não só não desapareceram como se tornaram mais fortes com a tal legitimação institucional que encontram nesta nova configuração parlamentar.
Tal leva-nos a um momento em que o conservadorismo regressa com uma força renovada em assuntos que já estavam resolvidos, ou quase, na nossa sociedade como a despenalização da mulher que pratica o aborto, o casamento entre pessoas do mesmo sexo, a possibilidade de mudança de género com todas as condições ou a eutanásia, ainda num processo conclusivo.Olhemos para isto e pensemos em que país e Europa queremos viver após o 9 de junho.
*representante do BE