8 Jul 2024
Diogo Barbosa *
Afinal não passaram. Após a segunda volta das eleições legislativas em França a extrema-direita, que propunha Jordan Bardella para Primeiro Ministro francês, não ganhou o ato eleitoral, tendo aliás ficado em terceiro lugar, atrás da Nova Frente Popular e do campo representado pelo atual Presidente francês. Como demonstrou o povo francês, é possível derrotar a extrema-direita e construir um projeto de futuro alicerçado em acordos democráticos e em alianças que podem permitir sonhar com um futuro melhor e perceber que a consagração da extrema-direita na Europa não é uma fatalidade, mas sim um campo que é possível derrotar. Este tempo é também o de Macron entender que saiu derrotado destas eleições e é necessário abrir espaço ao campo político da esquerda, constituído pela França Insubmissa, pelo Partido Socialista, os Verdes e o Partido Comunista Francês. Esta força que se uniu em torno da ideia de derrotar a extrema direita e o campo presidencial, altamente liberal e belicista, para propor um melhor futuro para os franceses, conseguiu ganhar as eleições, sendo altura de governar. Esperemos que o pedido de Macron para Gabriel Attal, que apresentou a sua demissão, se manter como primeiro-ministro para assegurar a estabilidade do país seja apenas para preparar uma transição para a escolha do nome que sairá da negociação entre os diversos partidos da Nova Frente Popular.
Quanto aos resultados em si, mesmo a derrocada eleitoral do campo do Presidente Emmanuel Macron, perdendo quase 90 deputados, permite-lhe ficar à frente do movimento de extrema direita. Não tendo existido uma maioria absoluta, a grande vitória do jovem conduzido por Marine Le Pen não se verificou. Um grande sinal de esperança para toda a Europa.
Contudo, e apesar desta vitória da democracia sobre o medo, o partido liderado por Marine Le Pen conta agora com uma representação bastante mais expressiva na Assembleia Nacional, sendo necessário desmascarar este partido que não é mais que o regresso ao passado. Foi uma boa vitória e uma lufada de ar fresco, mas a luta continua.
*Representante do BE