15 Jul 2024
Diogo Barbosa *
Nos últimos anos, temos assistido a mudanças demográficas significativas que estão a moldar o rumo e o futuro do nosso país. O mais recente estudo mostra que Portugal está cada vez mais envelhecido, pelo que temos que criar condições para que estas pessoas tenham uma reforma digna de um envelhecimento ativo. Não podemos continuar a aceitar que grande parte dos nossos idosos tenham que escolher entre a sua alimentação e os seus medicamentos. Também não podemos aceitar que grande parte dos lares do país sejam privados ou IPSS. Atenção, estes lares e centros de dia são essenciais para a assistência à terceira idade, mas o número de lares ilegais, que não garantem as mínimas condições a estas pessoas, é demasiado grande. Tem de haver uma maior intervenção do Estado na garantia da qualidade de vida destes. Para além disso, os valores pagos pelas famílias são insustentáveis e não há pensão que consiga pagar um lar.
Um outro dado que me parece ser relevante é o do saldo migratório. São cada vez mais as pessoas que procuram o nosso país para trabalhar, e isso é de salutar. Ao contrário do que alguns setores defendem, estas pessoas são essenciais para o desenvolvimento do nosso país. Um país que se encontra tão envelhecido e com uma taxa de natalidade baixa, mais uma vez por falta de políticas que incentivem principalmente os mais jovens a terem filhos, necessita de quem queira viver aqui. O que este estudo da Pordata mostra com clareza é que Portugal precisa de mão de obra. Ora, isto implica que a AIMA tenha um reforço das suas equipas e que as políticas que o regem sejam mais facilitadores da regularização de quem para cá quer vir trabalhar, fugir da guerra, ou da perseguição política.
Talvez o que este país precisa é de abrir os olhos ao que tem. Precisamos de um governo que olhe para todas as fases da vida e todas as realidades de quem cá está e de quem nos procura. Sejamos um país de braços abertos não só para o turismo.
*representante do BE