23 Sep 2024
> Diogo Barbosa
Com o que podemos chamar o início de mais um ano, após o fim das férias escolares e férias dos trabalhadores, vale a pena abordar aqui as propostas e os projetos piloto para a semana de trabalho de quatro dias, uma conquista que deve ser de todos os trabalhadores. Em primeiro lugar, porque não podemos continuar a viver as nossas vidas sendo escravos por tempo indeterminado, em segundo, porque a tecnologia já permite, e há bastante tempo, que se possam ir libertando as pessoas do fardo do trabalho pesado.
Por iniciativa do anterior Governo, foi implementado um projeto piloto para a redução da jornada semanal de trabalho. Este início de uma possível mudança no paradigma de trabalho, que tenderá a beneficiar os trabalhadores, necessita de algumas revisões. Mas convém explicar a nossa posição de princípio. O Bloco de Esquerda é claramente a favor da redução da jornada de trabalho semanal e disso tem feito bandeira através das várias propostas que vem apresentado na Assembleia da República, quase todas elas chumbadas por quem só vê o crescimento dos lucros do patronato que sustenta o seu poder.
Para que esta tão necessária mudança de paradigma no que ao mundo do trabalho diz respeito possa ocorrer, os sindicatos e comissões de trabalhadores têm que fazer parte da negociação. Não basta que o Governo convoque as empresas para estas realizarem estes projetos piloto, como quem trabalha deve fazer parte deste processo. Não se compreende como se propõe uma alteração ao mundo do trabalho sem consultar os trabalhadores. Mais uma vez, não somos escravos do lucro do patronato que nos dispensa assim que não precisa de nós e nos chuta para um canto porque deixamos de ser mais valia.
Uma das principais lutas é que com a redução da semana de trabalho não se reduza o salário. Está mais que provado que um trabalhador que ganhe bem e trabalhe o que é justo é mais produtivo.
A ideia de que se trabalharmos mais tempo somos mais produtivos é uma falácia do sistema neoliberal para nos manter acorrentados à sua mais valia.
Diogo Barbosa, representante do BE