27 Nov 2024
> Diogo Barbosa
Algo inédito aconteceu ontem nos 50 anos de democracia do nosso país. Foi pela primeira vez celebrado em Portugal o golpe intramilitar da direita que tinha como objetivo, tal como a direita tem ainda hoje, o ataque aquela que viria a ser a Constituição que ainda hoje nos rege, apesar das 7 revisões que a tentaram desmembrar, sem sucesso total, mas com algumas mossas.
Este foi um golpe da direita, que agora finalmente o consegue institucionalizar numa cerimónia semelhante à da comemoração do 25 de Abril. Não poderia esta comemoração estar mais errada. O 25 de Abril de 1974 colocou fim a quase 50 anos de ditadura que oprimiu o povo portugues. O 25 de Novembro de 1975, sob o falso pretexto da existência de um golpe preparado pela extrema esquerda, não foi mais que travar o ímpeto revolucionário transformador que estava a ser operado na sociedade portuguesa. Este foi um ataque deliberado das forças da direita portuguesa que teve como fim a desmantelação do COPCON, dirigido por Otelo Saraiva de Carvalho, decapitando a estrutura militar dos elementos de esquerda. Foi claramente um golpe que voltou a instituir a direita no comando militar do país. Não podemos celebrar um golpe que traria para Portugal aquilo que Pinochet levou para o Chile, uma nova ditadura gerida pela direita militar. O 25 de Abril existiu para que existisse a democracia, o 25 de Novembro não. Por isso é tão incompreensível que agora a direita revanchista, que conta com parlamentares bombistas no seu extremo, venha celebrar uma data que dizem, veio estabilizar a democracia. Não poderiam estar mais errados.
Ao contrário do 25 de Abril, o 25 de Novembro não cumpriu o seu objetivo. Diga-se que moderados como Costa Gomes e Ramalho Eanes foram essenciais para que o resultado não fosse uma nova ditadura, bem como foi impedida uma guerra civil que estava pronta para estalar.
Como se diz há 50 anos. 25 de Abril Sempre, Fascismo Nunca Mais.
Diogo Barbosa, Representante do BE