4 Dec 2024
Diogo Barbosa *
Creio ser do sentimento geral que Portugal é um país bastante seguro e que o discurso feito na semana passada pelo Primeiro Ministro, sobre meios que já haviam sido atribuídos às forças de segurança, e com conclusões que em tudo parecem uma tentativa de Luís Montenegro esvaziar o Chega, adotando o seu discurso. O que o governo está a fazer é a incutir o sentimento de insegurança que diz estar presente na perceção dos portugueses. Afirma que somos um país seguro, mas que achamos que não somos. Ao mesmo tempo, relega para segundo plano um crime que é um verdadeiro flagelo na sociedade portuguesa, o da violência contra as mulheres. Para o Primeiro Ministro este não é um problema assim tão grave, como a falsa perceção de insegurança que diz os portugueses sentirem, quando são lançadas grandes rusgas que, afinal, apenas descobriram um imigrante ilegal no Martim Moniz. Quem quer afinal que os portugueses se sintam inseguros? O governo, para ver se consegue roubar alguns votos à direita mais extremista e populista que existiu nos últimos anos em Portugal?
Todas estas ações policiais, não se compaginam com uma situação de combate à criminalidade, mas sim com uma ação política, em que o governo se procura substituir às polícias, tanto na definição daquilo que são as suas ações, do ponto de vista criminal, como do ponto de vista daquilo que é a comunicação ao país de uma operação desta natureza que, pasme-se, tem a ver com percepções. Creio que as forças de segurança devem reger-se por critérios de ação legal concretos e não por percepções. Acho que o país não precisa de mais casos de discriminação, nem de ações que acabem com a morte de cidadãos às mãos das forças de segurança, como aconteceu com Odair Moniz.
Em última análise, ao mesmo tempo que negoceia com o PS para sobreviver ao centro e esvaziar essa oposição, o governo atua nas áreas da segurança estendendo a mão ao Chega, que a morde assim que tem a oportunidade de tirar proveitos próprios. Vivemos o tempo de ver quem se afirma mais à direita. A ver vamos como saímos daqui.
*representante do BE