14 Jan 2025
Opinião Opinião Política Bloco de Esquerda
> Diogo Barbosa (BE)
Olhamos para o nosso país e vemos números fantásticos do turismo todos os anos, revistas e sites onde somos considerados dos melhores destinos a visitar neste novo ano que agora se iniciou. Mas não olhamos para o problema silencioso que afeta a nossa sociedade no resto do país que não se vê. A crescente onda de desemprego que se começa a sentir aos poucos. Todos os dias assistimos ao encerramento e deslocalização de empresas que mandam para a rua centenas de pessoas, e isto acontece em zonas do país sustentadas essencialmente pelo setor têxtil e automóvel, importantíssimos na nossa indústria em várias zonas, e também no nosso concelho, com os despedimentos coletivos a terem aumentado mais de 40% no ano passado. Voltando à questão do turismo, o que é um El Dorado para alguns pode ser um inferno para outros. Damos benesses e incentivos fiscais para promover a especulação imobiliária, mas não estamos atentos aos graves problemas que os trabalhadores sofrem por se verem sem trabalho e não é certamente no setor do turismo que vão conseguir trabalho.
Esta aposta cega no turismo e especulação imobiliária está a destruir setores importantes da economia portuguesa e do nosso tecido social, que é bastante frágil. Este rumo traçado para a nossa economia resulta também, para além das questões relacionadas com o desemprego, de um desinvestimento nos serviços públicos, privatizando-os e retirando à população o que é seu por direito.
Mas este problema não é só português. A Europa está a desistir do Estado Social para investir na economia de guerra. Basta ouvir as barbaridades que diz Gouveia e Melo sobre termos que ir morrer pela NATO ao mesmo tempo despreza a construção do Estado Social e o que ele representa no nosso continente, para perceber que não estamos a ir pelo bom caminho.
E ainda temos a coragem de encostar à parede quem para cá vem trabalhar e contribuir para o nosso bem estar coletivo.
Diogo Barbosa, representante do BE