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Opinião Política Bloco de Esquerda

> Diogo Barbosa

No dia em que sai esta edição do Correio de Azeméis iremos ficar a saber se vamos ter eleições antecipadas mais uma vez. Já por muitas vezes referi aqui neste espaço que o exercício das funções políticas deve sempre ser feito em regime de exclusividade. Isto vai desde deputados a ministros. Toda e qualquer pessoa que entre para o parlamento e para o governo deve fazê-lo em total exclusividade, pois o seu propósito deve ser acima de tudo, representar, defender e fazer progredir o nosso país.
Neste caso em que está envolvido o primeiro ministro, foi ele quem escolheu que a empresa ficasse com a sua família, que mesmo assim, por via do casamento, ele teria uma parte da mesma. Os negócios da empresa continuaram a ser do primeiro ministro e não da sua esposa e dos seus filhos, os clientes são os clientes do primeiro ministro e as avenças também são suas. Só aqui, teríamos todas as razões para que o primeiro ministro se demitisse e, claro, sem se voltar a candidatar ao cargo, pois já o desrespeitou ao estar praticamente a legislar em causa própria.
Não concordo com aqueles que dizem que assim se perdem os melhores para a política. Não me parece que um primeiro ministro, depois de tomar posse, possa continuar a ter empresas num setor sobre o qual vai legislar. Ainda para mais utilizando o subterfúgio de passar a empresa para a sua família como se assim pudesse lavar as suas mãos. Com estas atitudes não me parece que o atual primeiro ministro seja um dos melhores na, e para a política. 
Quem não tem a decência de deixar o setor privado para servir exclusivamente o público, não é nem nunca vai ser dos melhores para a política. E não valem os argumentos acerca dos salários e outros afins. Uma pessoa em Portugal vê-se à rasca para ter no bolso mil euros. Para que precisa um primeiro ministro de uma avença milionária quando é um dos maiores representantes do país.
O interesse aqui nunca foi servir o país, foi servirem-se aos seus. É por isso que este governo não tem condições para continuar em funções. E quem lhe der a mão será seu cúmplice.

Diogo Barbosa, representante do BE    

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