19 Jun 2025
> Diogo Barbosa
Ainda nem um mês pasou das eleições legislativas e o país já está cheio de ataques de neonazis. O 10 de junho parece um dia preferencial para estes grupos organizados andarem à pancada em quem defende a liberdade e a democracia, coisas que estes grupos pretendem eliminar. No passado domingo, em vários pontos do país, decorreu a manifestação “Não queremos viver num país com medo”. Juntou centenas de pessoas.
Parece estranho um ator que está a interpretar Camões acabar num hospital quando estava a fazer o seu trabalho, ainda por cima um trabalho no âmbito das comemorações dos 500 anos do escritor maior da literatura portuguesa. Carlos Moedas cometeu um erro crasso ao comparar a extrema direita com a extrema esquerda. Desafio qualquer pessoa a dizer que ataques com esta violência foram cometidos por grupos de extrema esquerda após a dissolução das FP25.
O crescimento de forças políticas como o Chega, com um discurso baseado no ódio e na mentira, com especial proliferação nas redes sociais, faz com que os grupos mais extremados se sintam à vontade para exercer a sua violência contra pessoas comuns que apenas estão a fazer o seu trabalho. Estas pessoas são claramente fascistas e racistas. Momentos como as manifestações são de solidariedade e de normalidade democrática.
Só no último ano houve vários ataques a migrantes, a morte de Odair Moniz, as agressões racistas e fascistas nas comemorações do 10 de Junho ao Imã da mesquita de Lisboa, e ao Almirante Gouveia e Melo, o caso de Adérito Lopes e da voluntária que distribuía comida aos mais necessitados. Um caso destes já seria um exagero, mas todos estes e os que aqui faltam são bem demonstrativos da tentativa de um regresso ao passado por parte de vários grupos, apoiados por quem mais dinheiro tem para fazer de nós escravos.
Por último, a falta de condenação destes ataques por parte do governo é um sinal de que andam aí todos de mãos dadas.
A democracia não se negoceia, conquista-se.
Diogo Barbosa, representante do BE