2 May 2022
Helena Terra *
O último fim de semana foi o primeiro fim de semana de liberdade. Não estou a falar do 25 de Abril, apesar de alguma coincidência 48 anos depois. Foi o primeiro fim de semana sem as máscaras que já faziam parte das feições de todos nós.
Na passada sexta-feira fui jantar fora. Ambiente bem mais descontraído que o habitual. Jantei num sitio, onde já tinha jantado outras vezes nos últimos dois anos, mas onde não tinha tido o prazer de ver o sorriso dos (as) empregados(as) de mesa. E que simpáticos que são!
O ambiente que se vivia no estabelecimento era bem diferente do que se vinha vivendo, quer naquele, quer em todos os estabelecimentos de restauração que frequentei nos dois últimos anos. Famílias em alegre e descontraído convívio e uma mesa com mais ou menos uma dúzia de rapazes com idades entre os 20 e os 30 ou trinta e poucos anos que, só eles, eram os responsáveis pela animação inteira da sala. Uma algazarra como já não se vivia há muito tempo… seria a comemoração da liberdade? Seria a comemoração de uma possibilidade de ter um convívio? Pelo que me pude aperceber da ementa liquida que se via na mesa, a causa de tanta animação não era etílica!
Jantei num município e, depois disso, fui “tomar café” a um outro concelho vizinho daquele. Era enorme a animação… gente de várias idades na rua, muita gente a circular numa zona central da cidade, festejos estudantis, gente bonita, mulheres com maquilhagem e usando, novamente batom – esse objeto, composto ou adereço quase caído no esquecimento!
Regressei a casa pouco antes da meia noite e, por cá, os bares e os não muitos locais da noite, estavam cheios de gente. Fiquei animada e só espero que não voltemos a perder a liberdade ora conquistada. Ter alguns cuidados continua a ser prudente, mas se não nos expusermos ao vírus, com riscos controlados, jamais seremos capazes de conviver com ele, como com tantos outros com os quais convivemos há já tantos anos que até nos esquecemos que eles existem.
Agora é tempo para arregressar as mangas e recuperarmos tudo aquilo que perdemos durante o tempo anterior. Os entes queridos que perdemos levados pelo maldito “bicho”, não recuperaremos e vamos ter que treinar competências para conviver com a sua saudade, dando graças pelo facto de não termos sido apanhados pela “besta” de modo irremediável. Temos que recuperar a produção que não conseguimos ter, recuperando os mercados onde não podíamos chegar e que não conseguiam chegar até nós. No que toca aos estudantes é necessário um esforço para que voltem a recuperar as rotinas de trabalho, e diversão também, para que o tempo não seja só de aprendizagens técnicas, artísticas, linguísticas ou outras, mas também, grandes lições de vida que vão ser indispensáveis para o exercício das competências que, as aprendizagens que cursaram lhes vão atribuir.
As crianças têm que ter uma frequência escolar normal e voltar a brincar, no recreio, nos jardins, nos parques, à solta…
Viva a liberdade!
* Advogada