Uma velha Pátria uma Pátria para velhos ou para todos?

Portugal é o mais antigo Estado-Nação, porque foi aquele que mais cedo teve as suas fronteiras definidas, por via do Tratado de Alcanizes assinado em 1297. Portugal é o país localizado no sudoeste do continente europeu, cujo território se situa na zona ocidental da Península Ibérica e em arquipélagos no Atlântico Norte.
Nos séculos XV e XVI, Portugal, pioneiro que foi na era dos descobrimentos, expandiu a sua influência e estabeleceu um império que incluía possessões em África, na Ásia, Oceânia e América do Sul, chegando a ser a potência económica, política e militar mais importante de todo o mundo. De Portugal se diz que deu novos mundos ao Mundo.
Com toda esta riqueza histórica, fomos sendo um país que, ao longo dos tempos, vem revelando que não chega para os seus. E não é pelo facto de ser um país pequeno que os portugueses cá não cabem. Durante os anos da ditadura, a falta de condições, a pobreza generalizada da maioria do povo, um estado opressor, uma polícia política e a guerra nas colónias levaram muitos portugueses a lançar-se na emigração, muitas vezes de forma clandestina, fugindo da miséria e à procura de uma vida melhor. Algumas décadas depois, os portugueses continuam a sentir-se obrigados a sair do país, sempre, com o objetivo de encontrar uma vida melhor. Hoje a emigração é diferente daquela.
Na nossa fase primeira de emigração, víamos sair de cá gente de baixa instrução, sem competências profissionais específicas, mas gente trabalhadora que encontrou nos países de destino aquilo que a sua pátria lhes não dava. Hoje, voltámos a ser um povo de emigrantes. Nos últimos vinte anos 15% da população portuguesa, entre os 15 e os 39 anos, emigrou. O Atlas da emigração, demonstra-nos que Portugal é o país da europa com mais emigração e o que ocupa o 8º lugar no mundo inteiro. Os emigrantes de então e os de agora são diferentes. Agora temos a emigrar a tal geração mais bem preparada de sempre…
Estamos a perder, por um lado, o motor do desenvolvimento e, por outro lado, a capacidade de renovação demográfica, ambos tão necessários para o crescimento e sustentabilidade financeira do nosso país. Entretanto, em vinte anos desperdiçámos duas gerações de gente bem preparada e, com isso estamos a desperdiçar o nosso investimento passado e a hipotecar o nosso futuro.
Somos um país que não consegue garantir uma pátria aos portugueses. Fernando Pessoa escreveu “a minha pátria é a língua portuguesa”. Efetivamente, a nossa língua, uma das mais faladas no mundo, é um património inigualável. Mas, pátria é muito mais que isso. ‘Pátria salienta um país ou território enquanto realidade afetiva a que grupos e indivíduos estão ligados — «país em que se nasce e ao qual se pertence como cidadão; terra, torrão natal; terra natal». Pátria é a terra dos nossos antepassados é um conjunto de memórias várias e de símbolos partilhados que se cultivam sobre determinado território. Deixemos que os portugueses digam, dentro das nossas fronteiras – a minha pátria é Portugal e o meu guia e arrepio musical é a portuguesa.
Março é já daqui a dias. Quem vai a eleições tem de se preocupar com isto projetando e reconstruindo um país que dê para todos os seus e que estes se mantenham na sua pátria. Quanto aos imigrantes, mantém-se a máxima da nossa pátria – é sempre bem-vindo quem vier por bem!
 

* Advogada