UNIR com falhas “inaceitáveis”

Concelho

Elisabete Tavares (à dir.), diretora do Agrupamento de Escolas Ferreira de Castro, e a Associação de Pais com um relato impressionante do caos na rede de transporte escolar em entrevista à Azeméis TV

> Há alunos a perder aulas na Ferreira de Castro e a pedir transferência de escola

Alunos perdem aulas e esperam horas por autocarros: direção da Ferreira de Castro e Associação de Pais denunciam caos no transporte escolar após assunto ter sido levantado em reunião de câmara.

Falhas graves na articulação das linhas da UNIR estão a deixar dezenas de alunos da Escola Secundária Ferreira de Castro sem transporte, atrasados ou a perder horas letivas. O alerta político foi lançado na reunião de Câmara, mas uma entrevista com a direção da escola e a Associação de Pais revela um cenário ainda mais preocupante, com crianças à espera no escuro, percursos que demoram mais de duas horas e transferências forçadas por impossibilidade de chegar à escola.
A crise no transporte escolar em Oliveira de Azeméis ganhou novo destaque após a reunião do executivo municipal, onde o vereador do Chega, Manuel Almeida, denunciou falhas graves na articulação entre as linhas da UNIR — sobretudo na ligação crítica entre a 1217 e a 1218, que assegura o acesso à Escola Secundária Ferreira de Castro.
Segundo o autarca, estão a ocorrer “falhas constantes nos horários” que impedem os alunos de apanhar a correspondência. Há carreiras provenientes das freguesias que chegam ao centro da cidade sistematicamente depois da partida da 1218, obrigando alunos a perderem as primeiras horas de aulas. Manuel Almeida descreveu uma operação “inaceitável”, que exige “uma revisão urgente”.

 

Caso extremo denunciado ao Correio de Azeméis
Embora não tenha sido referido na reunião de Câmara, o Correio de Azeméis teve acesso a um email enviado por uma encarregada de educação à própria autarquia, relatando um caso mais extremo: Uma aluna de Adães que perde mais de duas horas de aulas todos os dias porque a 1217 chega à Escola Soares Basto dois minutos depois da saída da 1218.
Sem alternativa, a jovem é obrigada a esperar pela ligação seguinte, às 10h25, chegando à Escola Secundária Ferreira de Castro por volta das 10h30 — para um percurso de apenas sete quilómetros que se transforma numa viagem de 2h30.
A mãe denuncia que a filha depende exclusivamente do transporte público e que a situação é recorrente desde o início do ano letivo.

Câmara reconhece falhas
e promete exigir soluções
O presidente da Câmara, Joaquim Jorge, admitiu que “existem falhas reais na operação”, mas reafirmou que os horários são da responsabilidade da concessionária e não da autarquia. Explicou que o novo modelo de rede não teve por base a anterior, que funcionava de forma consolidada, e que o município tentou adiar o arranque da operação, prevendo problemas.
O autarca garantiu ainda que a Câmara tem pressionado a UNIR e agendou para 19 de novembro uma reunião com a administração da empresa para exigir correções “definitivas”, especialmente nas linhas usadas por estudantes.
O vereador Pedro Marques (AD – PSD/CDS) afirmou que a situação “não depende apenas da UNIR”. Segundo disse, o concelho está a enfrentar “supressões de carreiras, horários que não são cumpridos e viaturas obsoletas”.

Direção da escola e Associação de Pais traçam cenário ainda mais grave
Mas segundo a diretora da escola, Elisabete Tavares, e a Associação de Pais — representada por Ana Margarida Ferreira, Mónica Devesa e Sandra Ribeiro — a realidade ultrapassa em muito o que foi relatado no debate político. Há alunos deixados sozinhos, carreiras que não aparecem, motoristas sem formação adequada, e dezenas de relatos de sobrelotação e incumprimentos diários. Alguns pais ponderam transferir filhos e outros já o fizeram.

Problema já com três anos
“Desde que houve a mudança de transportadora começámos logo a identificar dificuldades, que já persistem há três anos. Os horários mudam sem aviso, há autocarros que não passam, outros chegam cheios e os alunos ficam a pé. Tenho crianças de 11 anos que ficam sozinhas na paragem, no escuro, sem saber se haverá transporte. Isto não é transporte escolar, é uma carreira que aparece quando aparece.”
“Já tive cancelamentos de matrícula por causa dos transportes. Os pais fazem de tudo: deixam o trabalho, organizam boleias, recorrem a táxis. Nós tentamos ajustar horários de cantina e acalmar os alunos quando chegam aflitos e atrasados, mas não conseguimos garantir o básico: que consigam chegar à escola e voltar para casa em segurança.” 
Elisabete Tavares, diretora do Agrupamento Ferreira de Castro

Pais não sabem se os
ilhos chegaram à escola
“Os pais deixam as crianças na paragem e não sabem se elas chegam à escola, se ficaram para trás, se o autocarro passou mais cedo ou se passou tão cheio que já não recolheu ninguém. O que ouvimos sempre é a mesma coisa: a situação é imprevisível. Para alunos que estudam, têm testes e querem cumprir, isto cria uma instabilidade enorme.”

Ana Margarida Ferreira, vice-presidente da Ass. de Pais

 

Há um “incumprimento contratual”
“Há incumprimento claro: horários que não são cumpridos, autocarros que não passam, alterações feitas sem aviso. A empresa está contratualizada para prestar um serviço que não está a assegurar. Isto tem de ter consequências e alguém tem de garantir que o serviço é reposto com qualidade.” 
MÓNICA DEVESSA,  presidente da Ass. de Pais

Quem assume em caso de “consequência grave”?
“Temos alunos que ficam uma ou duas horas numa paragem, alguns com 10 ou 11 anos, no escuro, à espera de um autocarro que não aparece. É assustador. E o que ouvimos muitas vezes é ‘sim, nós sabemos’. Saber não chega — e quando houver uma consequência grave, quem é que assume?”
Sandra Ribeiro,  elemento da Ass. de Pais
 

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