Vacina da gripe em tempos de pandemia
Opinião
A gripe e a Covid-19 apresentam muitos aspetos em comum. São doenças víricas que afetam as vias respiratórios e que se transmitem através de gotículas de saliva ou pelo contacto com superfícies contaminadas. Manifestam-se pelo aparecimento súbito de mal-estar, febre alta, dores musculares e articulares, dores de cabeça e tosse seca, sendo a distinção clínica difícil.
Não obstante, são as diferenças no prognóstico que tornam a Covid-19 numa doença muito mais ameaçadora.
A gripe é, habitualmente, uma doença benigna e de curta duração. Apesar da taxa de mortalidade baixa (0,13%), nas pessoas idosas e nos doentes crónicos a recuperação pode ser mais lenta e o risco de complicações maior.
Pelo contrário, a evolução da Covid19 é muito variável e a probabilidade de desfechos adversos é bastante superior mesmo em jovens saudáveis. Sabe-se que 20% dos infetados desenvolve sintomas graves e, destes, cerca de 2% morre, o que representa uma mortalidade 26 vezes superior à da gripe.
Neste sentido, a vacina da gripe torna-se muito importante principalmente numa altura em que os números de infetados aumentam diariamente. A vacinação vai reduzir as gripes, a sua gravidade e consequentemente o recurso às instituições de saúde e internamentos. Nos indivíduos vacinados, a presença de sintomas vai elevar o grau de suspeita de Covid-19, o que conduzirá a um isolamento e vigilância clínica mais eficaz. Em última análise, vamos prevenir doença, gerar saúde e poupar recursos importantes para a batalha que enfrentamos.
A vacina da gripe não utiliza vírus ativos, sendo segura a partir dos seis meses e na gravidez. Algumas pessoas manifestam sintomas ligeiros nas primeiras 72 horas após vacinação, mas recuperam rapidamente sem necessidade de tratamento.
A vacina pode ser adquirida com receita médica nas farmácias, apresentando um custo aproximado de 7 euros.
Sempre que possível opte por não se deslocar aos centros de saúde. Prefira utilizar o endereço eletrónico (e-mail) ou o telefone da instituição.
Magui da Silva Neto, Médica Interna de Formação
Específica em Medicina
Geral e Familiar
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