Prof. Manuel Paiva *
Na semana passada ouvi um comentador da televisão usar a expressão «…se ele intervisse a tempo, não morreria ninguém…». Não é a 1ª vez, nem será a última…Não acredito que seja ignorância, mas talvez uma distração que nos convida a ter mais cuidado com a nossa língua…
Não indico o canal nem o autor; seria deselegante. Mas transcrevo um resumo do dito artigo publiquei no último livro que escrevi ( «Repartir Ideias», 1988, pág 41) chamando a atenção para erros na escrita e na pronúncia de certas palavras. Convido o leitor a ler um artigo que publiquei no referido livro com o título «Aprenda se quiser».
Segue o artigo.
«APRENDA, SE QUISER!...
Já há tempos apontei neste jornal algumas dificuldades que muitos encontram no uso correcto da nossa Língua, tão rica e por isso tão difícil, e daí tão maltratada. Devo entretanto confessar que não sigo o «Novo Acordo Ortográfico», por não concordar com certas incoerências. A nossa língua é o Latim falado nos nossos dias, em Portugal, com as alterações inevitáveis de uma língua viva, ao longo dos tempos, e enriquecida com o Grego e outras línguas. Mas, sobretudo as duas últimas, deixaram-nos muita da riqueza da civilização greco-romana. Por isso é que nos parece complicada e... difícil, como tudo o que é rico!
1 - Há muitos anos entrei numa oficina de automóveis, porque o motor do meu carro já fumegava muito. Disse ao mecânico que «a avaria devia ser do termóstato».
.O mecânico espeta uma gargalhada para o ar e diz muito alto:
- Termostato, quer o senhor dizer!... (e carregou bem na sílaba «ta»).
- Ou isso - respondi eu, na certeza de que nada me adiantava estar ali a explicar porque era como eu tinha dito, e não como ele pensava…
A palavra é «termóstato», com o acento tónico e gráfico na sílaba «mós». É uma palavra esdrúxula porque vem do grego «thérme» (=temperatura) + «statos» (=estabilização). Portanto o «termóstato» é um aparelho que serve para estabilizar a temperatura. Ora a palavra grega «statos», quando entra, como 2º elemento, na composição de uma outra palavra, nunca pode levar acento tónico, e por isso, nem gráfico. Logo, este tem de recuar para a sílaba anterior..
Conclusão: Deve dizer-se «termóstato» (com acento gráfico na sílaba «mós»,
(Continua na próxima edição)